sábado, 11 de setembro de 2010

A revolução dos 7 Jogos


Por Chistian Bonatto

Passado o emblemático número de 7 jogos de Renato Portaluppi no status de técnico gremista (ou no caso, gremista técnico), algumas justificáveis dúvidas e desconfianças do seu trabalho fora das quatro linhas permanecem, outras vão ficando para trás, como se fossem a marcação de um zagueiro alemão. Não é de números que estamos falando. Por eles, sabemos apenas que Renato pegou um Grêmio com 30,7% de aproveitamento no campeonato e já o deixou com 38,3%. Sendo que o rendimento em seu trabalho desde a sua chegada é de 50,3%. Nos últimos quatro jogos, Portaluppi tem 66% de aproveitamento, o mesmo geral do Corinthians, vice-líder.

Se o Grêmio fosse livro, com Silas era “O Capitão Saiu para o Almoço e os Marinheiros Tomaram Conta do Navio”, do Bukowski, com Renato é algo mais para “O Analista de Bagé”. Afinal, já disse que o psicólogo é ele, freudiano barbaridade. Nunca mais se ouviu falar em lideranças negativas no vestiário, as que tinham se não foram embora, passaram pela terapia do joelhaço à moda Portaluppi. Renato MANDA no vestiário com uma ditadura branca. Direito de voz, tudo bem, direito de voto não. De fato, ali é o último lugar onde a democracia é necessária.

O COMANDANTE, de fato e direito, nunca foi exemplo de bom-mocismo e nem é isso que ele exige. Hoje Renato Portaluppi é treinador do Grêmio e pai de menina adolescente (castigo de malandro), virou um cara de respeito e que bota respeito. Foi-se o tempo das cinco mil mulheres, de contar namoradas ao vivo ou mostrar a cueca pra uma Xuxa mais atiradinha que Chevette em curva, da boemia em véspera de treino ou jogo. Seus jogadores também podem TENTAR fazer tudo o que ele fez FORA de campo, mas pra isso, sabem que terão que FAZER o que ele fazia EM CAMPO. Não só tentar.

Renato contrariou a torcida e manteve Douglas no time, mais que isso, o deu mais liberdade ainda e salvo-conduto para marcação (Por falar em Douglas, sobre sua declaração de amor no Twitter, duas coisas: 1) Dizer que gostaria de um dia voltar a jogar no Corinthians é normal, vários ex-jogadores do Grêmio andam dizendo isso por aí em seus clubes, o problema é o MOMENTO, a posição na tabela e o que está mostrando, para se dar o luxo de uma declaração dessas. 2) É só o começo, ainda vamos nos divertir e se irritar muito com essa moda de jogadores com Twitter.)

Não para por aí, Renato ainda deu a RESPONSABILIDADE da braçadeira de capitão para o Souza, ainda não satisfeito o transformou em VOLANTE. A idéia, contra um adversário fraco, deu certo, vimos Souza jogar de uma forma diferente, desarme com saída de bola de qualidade. Souza ainda deu carrinho e firmou o garrão nas divididas. Dos contratados por indicação de Renato, Vilson foi o que mais agradou, rolou amor a primeira vista entre ele e a camisa 3 do Grêmio. Gabriel ainda precisa se soltar mais, subir mais ao ataque e chutar de fora da área, coisas que ele sabe. Gilson, ainda não se sabe o que está fazendo no Grêmio.

É esse Grêmio, ainda sem demonstrar BOM FUTEBOL, mas no embalo dos últimos quatro jogos, livre do fantasma do Z-4, a duas vitórias do G-6, com o comando, ousadia e indignação que Renato vem demonstrando no vestiário tricolor, que enfrenta o vice-líder do campeonato em seus domínios, na estréia do segundo turno. O crime é possível, nosso retrospecto contra o Corinthians fora mostra isso. O aniversariante de ontem, outro setembrino não citado na coluna anterior é o técnico que TEM que dar certo no Grêmio. Vem dando, mas tomara que saiba que a linha que separa os adjetivos de técnico ousado e invencionista é muito tênue.

Parabéns Portaluppi pelos 48 anos e obrigado por TUDO.