Sempre ao seu lado
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Para começar, vamos voltar a tarde de 30/01/2010 (mais conhecido como Sábado passado) quando ao abrir este blog que você está lendo, notei que um certo filme (Sempre ao seu lado, uma produção totalmente despretensiosa que eu imaginei que seria esmagado nas votações por Abraços partidos de Almodóvar) havia sido eleito como "Crítica da semana" e por unanimidade diga-se de passagem. Uma coisa era certa: Vocês queriam muito saber o que eu achei desse filme...
Confesso que este era um dos poucos motivos que me fariam ir ver um filme desse tipo - A exemplo de "O mistério de Feiurinha". Convenhamos que sentar-se numa sala de projeção para assistir um longa estrelado por um ator galã em decadência – numa época em que os vilões ganham mais destaque que os próprios heróis, Richard Gere parece não arrancar mais suspiros do público feminino - e onde provavelmente o maior dos atrativos seria um cãozinho bonito fazendo cara de triste, não é nada que agrade muito a qualquer marmanjo. Junte a isso a insípida Joan Allen (da trilogia Bourne) bata tudo num liquidificador com defeito, arremesse tudo num drama e você terá então todos os motivos - para não ir ver. Antes que comecem a me chamar de insensível ou algo do tipo eu confesso que também fui arrebatado pela narrativa densa da produção logo nos primeiros minutos. Lembro-me de uma amiga que sempre dizia ao ir assistir a esse tipo de filme – com animais: “Eu vou chorar” – dizia ela; curiosamente a mesma frase que cotidianamente escuto da linda boquinha de minha filha - de 4 anos - sempre que está prestes a me fazer algum tipo de chantagem emocional; isso me serve como pontapé inicial para esse texto. Prontos? Então vamos chorar!
És machão? Então resista a tentação.
Desde o princípio o Longa dirigido pelo sueco Lasse Hallström (Regras da vida, 1999) mostra que ali existe um monte de cenas que mais cedo ou mais tarde farão qualquer pessoa desobstruir os dutos lacrimais durante a exibição. E ele o faz com maestria, ao basear seu filme no blockbuster japonês de 1987 Hachiko Monogatari (que não consegui encontrar na net para assistir) optou por adaptar geograficamente seu projeto rodando-o na cidade americana de Rhode Island, atualizou a história, mas manteve a idéia básica de um Akita (raça canina oriental que tem como principal característica a lealdade) que atinge um vínculo afetivo quase transcendental com seu dono, um professor de música.
A verdadeira história (que inspirou o longa japonês) ambientou-se em Tóquio por volta em 1924 e é um emocionante conto local famoso de um cão pertencente ao professor Uyeno. Um dia o cão cumprimentou seu mestre perto da estação de Shibuya e não mais o viu - Uyeno sofreu um derrame e veio a óbito em decorrência disso - não mais voltou; o cachorro Hachiko entretanto, continuaria a ir para a estação todos os dias pelos próximos dez anos, em vigília, na esperança de que um dia de seu dono/amigo voltasse.
O animal se tornou uma sensação nacional e, teve inclusive uma matéria publicada no maior jornal de Tóquio, relatando sua lealdade notável. Em 1934 uma estátua de bronze foi erguida defronte a estação de Shibuya como uma homenagem à sua permanente devoção.
Sobre homens e cães...
O filme conta a história do Professor Wilson Parker (Richard Gere) que numa noite, quando retorna do trabalho, encontra um lindo cãozinho perdido na estação ferroviária. Sua esposa Cate (Joan Allen) a contragosto, aceita a criatura indefesa em seu lar. A etiqueta com o nome no colarinho do cão diz “Hachiko”. Ken – amigo do professor (Cary-Hiroyuki Tagawa) explica: "Hachi", o número oito, simboliza boa sorte. Hachiko está feliz e cresce na família, mas sua ligação maior é com o professor, e o acompanha em sua rotina diária para a estação de trem na manhã, e na fidelidade à sua espera nas noites. A história entra em seu ápice quando Parker entra subitamente em colapso durante uma apresentação... A partir daí Hachiko passa a ir todos os dias ao mesmo local em vão. Faça chuva ou faça sol (ou neve) - ele se senta à espera de seu dono. Logo o animal cativa todos ao seu redor que começam a cumprimentá-lo, dar-lhe comida - todos são tocados pela sua lealdade.
A história é de fato muito emocionante; (até por se tratar de algo que realmente ocorreu) a conexão entre Parker e Hachi é algo que nos motiva a continuar indo em frente num filme que tinha tudo para ser abandonado nos primeiros 30 minutos – isso não irá acontecer com ninguém, acho. Sempre ao seu Lado não tem pretensão em se tornar uma referência em seu gênero, e nessa humildade, torna-se um filme eficiente e preciso; mas o trabalho de Hallström está longe (talvez não muito, mas está) de ser uma grande obra do gênero. Este remake peca em muitos aspectos principalmente ao deixar muitas pontas soltas; cenas que não fazem sentido ou mesmo os diálogos fracos. Os personagens são bastante superficiais – talvez esse seja o principal motivo pelo qual Gere e Allen consigam ser tão convincentes e dignos em seus papéis. No mais não há muito terreno para se trabalhar - na verdade, não há mais que 5 linhas redigidas numa página meio A4 nesse enredo - mas vai te tocar da mesma forma.
A medida exata da pieguice.
Aqueles que conhecem a história vão perceber que o longa ganhou um ritmo mais lerdo, mas é eficaz ainda assim, porque consegue equilibrar discretamente os pontos fortes e fracos; e Hachi, - interpretado por três cães - é sem dúvida o ponto mais forte daqui. Se o filme não é nenhuma obra-prima, não é problema; o que realmente importa afinal de contas é se as pessoas são capazes de se relacionar e se conectar com a obra; se o filme é competente no gênero ou universo a que pertence, e nesse quesito a história conta com o jovem cão - que é adorável, e conforme ele cresce, olha para você com os olhos tristes de forma convincente - até mais que os seus colegas de elenco.
O sucesso de Sempre ao seu lado pode até não coincidir com o desempenho do filme, mas parece certo ganhar audiência entre as famílias de nosso país – em sua estréia, recentemente, sons de "sniff"permearam a grande sala de projeção. Assista; traga os seus filhos/afilhados/sobrinhos/netos/irmãos menores, divirta-se e... não se esqueça dos lenços, por favor.
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Se você gostou desse filme:
Assista:
- Marley e Eu (Marley & Me, 2008)
- Beethoven - o magnífico (Beethoven's, 1992)
- Beethoven II (Beethoven's - 2nd, 1993)
- Beethoven III - Uma família em apuros (Beethoven's - 3rd, 2000)
- Beethoven IV (Beethoven's - 4th, 2001)
- Beethoven V (Beethoven's - 5th, 2003)
- Beethoven VI - Beethonven em Hollywood (Beethoven's Big Break, 2008)
Informações úteis
- Titulo original: Hachiko - a dog's history
- País: EUA
- Ano: 2009
- Duração: 97 min.
- Gênero: Drama
- Direção: Lasse Hallström
- Elenco: Joan Allen, Richard Gere, Sarah Roemer, Jason Alexander, Cary-Hiroyuki Tagawa, Erick Avari, Davenia McFadden
- Avaliação: 4 (bom)
- Trilha sonora: Download aqui
- Filme completo: Download aqui
Sobre o filme:
- Quando vi? 05/01/2010
- Com quem? Só
- Quantas vezes? 2
- O que senti? A verdade é que poucos filme me emocionaram tanto...
- Quando escrevi? 30/01/2010
- Onde estava? Parque metropolitano de Pituaçú
- O que escutava? Haggard - Awaking the centuries
- O que ingeria? Coca geladíssima
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Trailer oficial:
Também não sou fã de filmes com animais, mas gostei muito deste. É um típico drama para fazer o publico chorar, mas na medida exata.
ResponderExcluirSobre Richard Gere, mesmo já tendo passado da fase de super astro, ele ainda é um ator carismático.
Abraço