segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A princesa e o Sapo


Como é bom regressar.

A nova animação da Disney nos arremessa a um passado (não tão distante) onde ela mesma reinava absoluta e incontestavelmente no gênero. Os longas em 2D contando lindas histórias, trazendo personagens meticulosamente concebidos e inseridos com maestria nos roteiros melosos e repletos de fantasia - e alguma comédia. Entretanto nem tudo são flores, Hollywood tem um talento especial para transformar a inovação e a excelência em previsibilidade estereotipada, e o maior exemplo disso são os filmes da Disney.
Após o renascime
nto do estúdio com A Pequena Sereia, (The little marmaid, 1989) A Bela e a Fera (Beauty and Beast, 1991) e O Rei Leão (The Lion king, 1994), as coisas não foram muito bem e a carta na manga da "casa do rato" para a má fase era a parceria com o estúdio (ultra) criativo de animação Pixar.
De lá pra cá a Disney nunca mais criou nada que valesse a pena de fato assistir - ao menos não sem a ajuda da Pixar. Felizmente, A Princesa e o Sapo nos mostra que cachorros velhos aprendem truques novos e a boa e velha Disney merece algum crédito por empurrar ladeira abaixo as restrições dos moldes clichês dela mesmo, e de Hollywood de uma forma geral.

Princesas, príncipes, sapos, feitiços... Acho que já vimos esse filme.

Qualquer
um que passe os olhos na sinopse do novo longa da Disney poderia dizer em alto e bom som: De novo isso? Mas espere; eis que como num passe de mágica algo acontece e a história já não se assemelha tanto as outras da década passada. Evolução?
Os clichês começam a ser jogados pela janela a partir daqui: Nova Orleães, início do século 20... Notou a diferença?
O filme diz respeito a uma menina pobre Afro-americana chamada Tiana que tem um dom para cozinhar, e sonha em abrir seu próprio restaurante - ponto pra eles. Sua melhor amiga desde a infância é uma menina branca cujo pai rico emprega mãe de Tiana como costureira. Quando a família do amigo organiza uma festa para o Príncipe Naveen de Maldonia, Dr. Facilier, um especialista em Magia Negra (vodu), transforma o visitante real em um sapo gosmento... Pronto esse é o ponto crítico; nesse momento é que até os mais otimistas com rela
ção a formatos naturalmente engessados começaria a imaginar algo do tipo: voltamos aos clichês. Mas vamos continuar.
O tal príncipe agora tranformado num anfíbio nojento, convence Tiana que um beijo irá reverter o feitiço; trato estabelecido então: Tiana daria o beijo “salvador” que libertaria o belo príncipe de sua maldição; Naveen por sua vez iria fornecer o dinheiro necessário para que a bela morena pudesse iniciar o negócio de seus sonhos. Entretanto, o que ninguém sabia era que apenas o beijo de uma princesa poderia reverter o feitiço; seu beijo não só não devolve o príncipe a sua forma normal, como transforma Tiana em um sapo também. A dupla então parte em busca de uma Sacerdotiza de Vodu para desfazer o efeito do feitiço numa aventura através das selvas pantanosas da Louisiana. Mas peraí.
Príncipes financiando restaurantes alheios?
Princesa
afro-americana - e que vira sapo?
Feiticeiro Vodu?

Algo mudou por aqui!

Reviravoltas, Jazz, personagens "exóticos"... Esse filme é Disney mesmo?

Desd
e o início, o filme de é grandioso e ousado; magnífico diria eu. Mas certamente, o elemento mais gratificante é Tiana mesmo, que chega a ser refrescante e porquê não dizer, revolucionária; não só porque ela encarna uma nova alternativa tão necessária ao já batido (e muito batido) loiro com olhos azuis – a cara das animações Disney, mas porque ela evidencia uma ética de trabalho duro e perseverança que nos faz esquecer o clássico clichê da princesa passiva, impotente e omissa, transformando-se num personagem de extrema competência e autodeterminação. Certamente Mandela iria reconhecer um espírito semelhante em Tiana: Mesmo enquanto crescia pobre, segregado e sofrendo a falta de condescendência dos homens que negavam suas ambições, ele nunca deixou de ser o mestre de seu destino ou o capitão de sua alma.

Belas canções, animação em 2D, lição de moral... Ah, esse filme é Disney mesmo!

Claro que não poderíamos esperar que A Princesa e o Sapo fosse sempre avesso aos clichês do gênero e esquecesse dos coadjuvantes engraçados que sempre roubam a cena, as músicas previsivel
mente plantadas, as novas amizades com outros animais falantes ou mesmo as referências/homenagens aos ilustres - o crocodilo trompetista Louis homenagem mais do que óbvia a Louis Armstrong. Sem esquecer, claro, que o príncipe terá que beijar uma princesa (de verdade) antes da meia-noite ou então ambos irão permanecer para sempre sapos. Por fim, mais que naturalmente, a lição é sobre a aceitação.

Quem já foi Rei nunca perderá sua magestade.

Num con
texto tão complexo quanto inovador ainda é possível ir mais além; onde o filme opera em um nível mais amplo, coletivo. Porque não só as meninas negros e pardos vão se ver em Tiana e sua beleza, coragem e determinação. Todas as raças e idades, irão assistir ao filme, e se identificar com um personagem que pode não se parecer fisicamente com eles, mas que esconde as fraquezas, aspirações e sonhos inerentes a qualquer um. Convida uma cultura que idolatra a maioria a se identificar com uma minoria – uns em um espírito de perdão, os outros em um espírito de empatia. No frigir dos ovos vem com um sentido mais amplo de identidade coletiva. E aqui reside talvez a mais brilhante parte de A Princesa e o Sapo: retratar tal história em Nova Orleães, sabidamente um delicioso, caldeirão cosmopolita de tribos, culturas, línguas e matizes. No fim, não podemos determinar raça nem gênero em A Princesa e o Sapo, que apresenta personagens de uma infinidade de nuances inacreditavelmente perfeitos em sua diversidade. É o estúdio voltando aos tempos em que existiam apenas A “Disney” e as “outras”.
_____________________________________________________________
Se você gostou desse filme:
Assista:
  • A Dama e o Vagabundo (Lady and the Tramp, 1955)
  • A Bela e a Fera (The Beauty and Beast, 1991).
Evite:
  • Barbie em o Quebra nozes (Barbie and the nutcracker, 2001)
  • Barbie como Rapunzel (Barbie as Rapunzel, 2002)
_____________________________________________________________
Informações úteis

  • Titulo original: The Princess and the Frog
  • País: EUA
  • Ano: 2009
  • Duração: 97 min.
  • Gênero: Animação / Aventura / Musical
  • Direção: Ron Musker e John Clemments
  • Vozes: Anika Noni Rose / Kacau Gomes, Bruno Campos / Rodrigo Lombardi, Keith David / Sergio Fontoura, Jenifer Lewis / Selma Lopes, Jim Cummings / Márcio Simões, Michael-Leon Wooley / Mauro Ramos:
  • Avaliação: 4 (bom)
  • Trilha sonora: Download aqui
  • Filme completo: Download aqui
Informações (in)útéis
Sobre o filme:
  • Quando vi? 20/12/2009
  • Com quem? Com minha filha (Ágatha)
  • Quantas vezes? 3
  • O que senti? Uma enorme sensação de nostalgia...
Sobre o texto:
  • Quando escrevi? 22/01/2010
  • Onde estava? Em casa
  • O que escutava? Los Hermanos - Ventura
  • O que ingeria? Nada...
Outras críticas:
_____________________________________________________________
Trailer oficial:


domingo, 24 de janeiro de 2010

Cinemas do Nordeste...

Após anos de pesquisa no Nordeste os especialistas da área de cinema e home vídeo descobriram o porquê de alguns filmes de muito sucesso em todo o mundo não conseguir atrair público nessa região do Brasil: Os títulos.

Para uma fácil aceitação da população Soteropolitana, os cinemas locais mudam/adaptam os nomes dos filmes.
Veja abaixo o nome de alguns filmes:

  • Uma Linda Mulher = Piriguete gostosa pa porra.
  • Quem Vai Ficar Com Mary? = Quem Vai Lascar Maria Em Banda?
  • Riquinho = Barãozinho
  • Velocidade Máxima = O Buzú Avionado
  • Os Bons Companheiros = Os Corrente
  • O Paizão = O Grande Painho
  • A Morte Pede Carona = A Misera Quer Pongar
  • Ghost = O Encosto
  • O Poderoso Chefão 1 = ACM
  • O Poderoso Chefão 2 = ACM Júnior
  • O Poderoso Chefão 3 = ACM Neto
  • O Exorcista = O Lá Ele
  • Táxi Driver = O Taquiceiro
  • Corra Que A Policia Vem Aí = Se Pique Que Os Homi Tão Descendo
  • O Senhor dos Anéis = O Coroa Dos Balangandan
  • Janela Indiscreta = Vizinho Na Cócó
  • Velozes e Furiosos = Ariscos e Virados No Estopô
  • Esqueceram de Mim = Me Crocodilaram
  • Forrest Gump = O Culhudeiro
  • Clube da Luta = Os Comedor de Pilha
  • O Cavaleiro das Trevas = O Jagunço do Breu
  • Cidade de Deus = Bairro da Paz
Para o interior da Bahia os nomes também são adaptados:

  • Uma Linda Mulher - A cabrita Aprumada
  • O poderoso chefão - O coroné arretado
  • O exorcista - O tirador de demonho
  • Os sete samurais - Os janguço di zóio rasgado
  • Godizila - O calangão
  • Os brutos também amam - Os vaquero baitola
  • Sanção e Dalila - O cabiludo e a quenga
  • Perfume de mulher - Cherim di cabocla
  • Um peixe chamado Wanda - O lambarí cum nomi di muié
  • Noviça rebelde - Biata virada na porra
  • Os flhos do silêncio - Os minino do mudim

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Cinema 180 graus em Lisboa

Dia do lançamento do cinema 180 graus em Lisboa!
Após algumas horas de atraso começa a primeira seção. O povo ansioso, cansado de esperar na fila enorme, entra na sala. Terminada a seção, vinte minutos depois, os organizadores abriram as portas e constataram que todos na platéia estavam mortos (?).

Após a chegada do corpo de bombeiros os corpos foram retirados e prepararam a sala para a segunda seção que começou com atraso ainda maior. Terminada a seção, os organizadores se depararam novamente com a sala repleta de cadáveres. Durante a remoção dos corpos, um bombeiro vira para o outro e diz:

- Não sei não! Acho que esse negócio de cinema 180 graus não vai pegar por aqui, não! Com essa temperatura, não há quem agüente!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Distrito 9


Diretor de Senhor dos Anéis nos apresenta sua versão do apartheid

O diretor, escritor e produtor neozelandês Peter Jackson já nos mostrou toda sua competência na condução de seus projetos cinematográficos, chegando ao apogeu entre 2001 e 2003 quando deu vida aos livros sagrados de J.R.R. Tolkien recheados de fantasia, mistério e poder; continuou em sua linha ascendente quando deu novos contornos ao clássico King kong (king Kong) de 1933. Agora assumidamente dedica-se em tempo (quase) integral à adaptação do best seller de Alice Sebold – Uma vida interrompida: Memórias de um anjo assassinado (the lovely bonnes, em pré produção).
Sabemos que hoje em dia é normal que cineastas com mais "nome" se envolvam em projetos longos e complexos que mais tarde provavelmente se tornarão grandes sucessos
de bilheteria - a exemplo de Avatar, Titanic, Homem-Aranha e o próprio Senhor dos Anéis. Entretando uma pergunta começa a martelar nossas mentes sempre que estamos desfrutando de nosso merecido – e tão raro – ócio: o que Jackson faz nesse meio tempo?
Quem r
espondeu que o cineasta vive de nome, apenas administrando as notinhas verdes que a milionária trilogia lhe rendeu, errou! Filmes como Distrito 9, a adaptação do famoso game “Halo” (esperado para 2011) e O Hobbit (2012 – previsão de lançamento) são a resposta.

Quando o desconhecido diretor sul africano Neill Blomkamp decidiu dar vida ao roteiro de um cara chamado Terri Tatchell ele nunca poderia imaginar que ganharia tamanha proporção – ao menos não antes da inserção nos créditos do nome do homem que nos trouxe a trilogia do anel. Após isso com certeza ele começou a sonhar alto, e com razão; o nome de Peter Jackson hoje é muito poderoso em qualquer produtora do mundo, portanto um roteiro qualquer que chegue a uma empresa desse seguimento e que seja “apadrinhado” pelo moço, certamente será visto com bons olhos. No caso de distrito 9 isso nem era preciso - mas ajudou bastante, claro...

Estratégia ou aposta?

Blomkamp ousou (e acertou) quando decidiu “inovar” em seu longa, misturando na mesma edição cenas de documentário (hoje se tornou moda entre os cineastas este formato), imagens de câmeras de circuito interno e imagens do filme em si; e é graças a essa edição (e a escolha proposital de um elenco totalmente desconhecido) que em alguns momentos nós nos sentimos quase que dentro do longa, sentindo na pele o dilema do personagem principal e a situação dos “hóspides” indesejados.
O filme mostra o drama de alienígenas que chegam à Terra como refugiados e são instalados em uma área de Joanesburgo na África do Sul, o Distrito 9; enquanto os humanos decidem o que fazer com eles – atenção especial para a imensa aeronave suspensa sobre a cidade sul africana como um
a nuvem gigante de metal. Impressionante!
A Multi-National United (MNU) é uma empresa contratada para controlar os alieníge
nas, mantê-los em campos de concentração e desenvolver material bélico que tenham como “matéria-prima” as defesas naturais dos extraterrestres. Mas a MNU falha na tentativa de fabricação das armas e descobre que para que elas sejam ativadas, o DNA dos alienígenas é necessário. Após 20 anos de convivência, a tensão entre humanos e aliens alcança seu clímax quando Wikus Van der Merwe - “herói” improvável, com a aparência de um professor de ciências dos anos 50 - foi escolhido para supervisionar o projeto de “re-assentamento”, e de quebra, documentar e jogar bem na TV, como flashes de notícias transmitindo ao vivo todos os seus movimentos. Mas, como um reality show que deu terrivelmente errado, as coisas ruins começam a acontecer... Wikus se envolve numa teia com uma série de acidentes e eventos que irão transformá-lo em um hibrído humano/alienígena e a partir daí passa a ser implacavelmente perseguido – principalmente pela empresa a qual dedicou sua vida. Sem casa e sem amigos, só um lugar pode acolher Wikus: O Distrito 9.

O exército de um homem só

Sharlto Copley é o responsável pela interpretação de Wikus e pelo total andamento do filme que sempre está de uma forma ou de outra seguindo-o. Uma grande parte da ação e percepção acompanha-o enquanto ele tenta driblar as autoridades e as equipes médicas que estão - de repente - muito interessados em seu “novo eu”. O personagem de Copley é inserido aos poucos - e de forma muito inteligente - no longa que se apresenta como uma sátira social mordaz escondida dentro de um thriller de ação fantástico repleto de lamentáveis conflitos entre espécies. É um caos - mas como em tudo sobre Distrito 9, há mais do que isso.

O contexto criado por Blomkamp é o próprio inferno; cuidados de saúde são inexistentes - a menos qu
e você considere as experiências científicas secretas – e a criminalidade está em alta, devido a uma máfia nigeriana que se especializou em armas e munição; os camarões, (como são pejorativamente chamados os alienígenas) passam o dia brigando e a procura de comida de gato - alimento preferido dos intrusos; os moradores estão fartos, empurrando a nova espécie para a segregação – não é a 1ª vez que vemos isso na África do Sul. Alguém aí lembrou do apartheid?

Chocante, atual e profundo. Mas nada é perfeito.

Distr
ito 9 é forte e vai direto ao ponto. As vezes pode irritar pelo excesso de informações – jornalistas, autoridades, especialistas – a todo momento nos trazendo uma nova informação (as vezes desnecessariamente) e nos forçando a entender cada entrelinha do que está se passando naquele lugar, mostrando de uma forma não tão metafórica que a sua intenção era mesmo chamar a atenção a respeito do tratamento que a sociedade dá aos que são diferentes. Ninguém tolera o que não pode explicar e embora o longa aborde temas universais, a infância na África do Sul informa claramente a intenção de Blomkamp, neste caso muito ligado ao seu aspecto de sentir - um regime segundo o qual os brancos detinham o poder e os povos restantes eram obrigados a viver separados, de acordo com regras que os impediam de ser verdadeiros cidadãos. Restrições que não eram apenas sociais, eram obrigatórias pela força da lei.
Recado dado, Blomkamp semeou ironia e analogias ao longo de cada microssegundo de Distrito 9 através de uma série de referências às enfermidades sociais contemporâneas, incluindo a divisão racial, as diferenças de classe, as reações diante da oportunidade de um grande negócio, ou mesmo com relação ao mundo “big brother” da atualidade.
Esse é pra assistir e refletir. Divirta-se.

Distrito 9 - ficha técnica

  • Titulo original: District 9
  • País: Africa do sul / Nova zelândia
  • Ano: 2009
  • Duração: 112 min
  • Gênero: Ação/Ficção científica
  • Direção: Neil Blomkamp
  • Roteiro: Neil Blomkamp e Terri Tatchel
  • Elenco: Sharlto Copley, Jason Cope e David James
  • Avaliação 4 (bom)

Trailer Oficial

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Os clichês que nos matam de rir...

As coisas que não saberíamos se não existisse o cinema norte americano:

  • Em qualquer investigação policial é sempre necessário visitar um clube de strip. Fato!
  • Todas as camas têm lençóis especiais em forma de "L" de forma a taparem as mulheres até os ombros e os homens, que se deitam ao lado delas, até à cintura.
  • O sistema de ventilação de qualquer edifício é o local ideal para alguém se esconder.
  • Ninguém se lembra de procurar lá e pode-se alcançar facilmente qualquer parte do edifício através dele.
  • Um homem não mostra dor quando é ferozmente espancado mas queixa-se quando uma mulher lhe tenta limpar as feridas.
  • Quando um carro sofre um acidente pega fogo (quase) sempre.
  • Despir-se até à cintura pode tornar um homem imune às balas. Fato!
  • A tosse é normalmente o sinal de uma doença fatal.
  • Todas as bombas estão equipadas com temporizadores com grandes LEDs vermelhos de modo que se saiba exatamente quando irão explodir. Geralmente os LEDs fazem barulho.
  • Os pilotos de helicóptero privados estão sempre prontos a aceitar dinheiro de terroristas, mesmo que o trabalho seja matar estranhos e termine na sua própria morte quando o helicóptero explode numa bola de fogo.
  • Todos os discos de computador trabalham em todos os computadores, não importando o sistema operacional.
  • Quando estão sós, todos os estrangeiros preferem falar inglês entre eles.
  • Qualquer fechadura pode ser aberta em segundos com um cartão de crédito ou um arame exceto a porta de um prédio em chamas com uma criança lá dentro.
  • Ao conduzir um carro é normal não olhar para a estrada mas sim para a pessoa do lado ou de trás durante toda a viagem.
  • Normalmente os políciais trabalhadores e honestos são mortos três dias antes da aposentadoria.
  • Quanto mais um homem e uma mulher odeiam-se, maiores a probabilidades de se apaixonarem.
  • Quando se é perseguido através de uma cidade, pode-se normalmente escapar através da parada do dia de S. Patrick, em qualquer altura do ano.
  • A torre Eiffel pode ser vista da janela de qualquer edifício de Paris.
  • Os camponeses medievais tinham dentes perfeitos.
  • É sempre possível estacionar o carro em frente do edifício que se visita. E não é necessário trancar o carro.
  • Não existe mau-hálito matinal quando se dorme acompanhado. Pode-se beijar à vontade ao acordar.


segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Agente 86


Nunca um cover fez tanto sucesso

Sempre que surge uma nova adaptação nas telonas todos estremecem – afinal todos sabemos que a maioria delas serve apenas para nos lembrar o quanto que os cineastas atuais são medíocres (com muitas excessões, é verdade. Ainda bem).

O seriado Agente 86 (Get smart, 1960) foi criado no auge da guerra fria por Mel Brooks e tinha como objetivo satirizar os filmes de espionagem (apesar de não existir muitas opções do gênero naquela época além de 007).
Mesmo tendo nascido duas décadas depois aprendi a gostar do atrapalhado agente e da forma como resolvia seus “problemas” – uma mistura de MacGyver com Houdini?
A cultuada série da época era recheada com todos os clichês que nos fazem rir mesmo nos filmes mais sérios, técnicos e sofisticados… Prato cheio pra quaquer diretor de comédia contemporâneo. Ainda assim quase meio século depois ninguém imaginava (eu acho) que algo tão datado ainda poderia fazer algum tipo de sucesso no mercado atual, mas Steve Carrell interpretando o agente secreto mais atrapalhado de todos os tempos nos provou o contrário; a sua versão de Maxwell Stuart – interpretado por Don Addams na série original – não podia ser apenas uma cópia da atuação de Don (o agente da série original se utilizava dos recursos de 50 anos atras e obviamente não despertaria nenhum tipo de interesse nos dias atuais) e aí que começamos a notar o grande trunfo do filme: Carrell.
Steve Carrell cria um novo agente 86 com expressões (ou a ausência delas) próprias e mais que isso; uma personalidade própria… Muitas vezes lembrado apenas como “o cara que imita Jim Carrey” (por se utilizar das caretas e de um humor mais rasgado, ácido diria) Carrell aqui mostra seu “cinto de utilidades” cheio de opções e prova que não precisa de mais que um movimento de sombrancelhas para nos fazer rir; e muito – a cena da zarabatana lembra os engraçadíssimos Top gang - ases muito loucos (top gang, 1991) com Charlie Sheen, bons tempos.

Imito sim, e daí?


O filme c
onta a história de um analista da organização secreta C.O.N.T.R.O.L.E. Maxwell Smart, (Carrell) que sonha se tornar um agente de campo mesmo após inúmeras reprovações nos testes para a função. Quando a sede da agência de espionagem americana é atacada e a identidade de seus agentes fica exposta o Chefe não tem outra saída a não ser promover Maxwell Smart, que sempre sonhou trabalhar em campo ao lado do alto, bonito, elegante, “inteligente”, famoso, musculoso, simpático e até boa gente Agente 23 (the rock).
Maxwell smart recebe então sua mais perigosa e importante (além de ser a primeira, claro) missão: impedir que a organização criminosa secreta conhecida como K.A.O.S. coloque em prática seu mais novo plano para dominar o mundo – no melhor estilo Pink e Cérebro.
Smart, no entanto, é forçado a trabalhar com a única agente cuja identidade não foi revelada: a veterana Agente 99 (Anne Hathaway). À medida que 86 e 99 vão desvendando o emaranhado de intenções malignas da K.A.O.S. - e um ao outro - eles descobrem que um dos principais artífices da organização, Siegfried, e seu ajudante Shtarker planejam lucrar com ameaças de colocar em ação sua rede de terror - com isso só faltou mesmo um Martini, uma bela mulher morta em uma cama após uma noite de sexo, um Aston Martin destruído e uma apresentação do tipo: “meu nome é Bond”… Pronto; teríamos um roteiro perfeito para outro personagem do gênero.

Apesar da pouca (muito pouca) experiência e do reduzido (muito reduzido) tempo de que dispõe, Smart arma-se com suas geringonças tecnológicas típicas de espionagem, dos clichês indispensáveis (seguranças que sempre estão de costas para as câmeras de circuito interno, passagens secretas nos locais mais improváveis, perseguições que desafiam as leis da física, mini-engenhocas com multifunções, invasões solo em locais que nem meia dúzia de superman conseguiriam entrar, além de uma trama baseada em fatos estapafúrdios e improváveis que findam sempre numa solução harmônica e fluente - digna de um felizes para sempre dos conhecidos contosinfantis) e de seu entusiasmo inabalável para derrotar a K.A.O.S. e se estabelecer de fato como um agente de campo.

As referências aos filmes do espião inglês 007 não param por aí e vão desde a detruição dos carros (nem sempre de luxo) passando por uma clara referência a 007 – contra o foguete da morte (007 – moonraker, 1979), as cantadas de mal gosto como a da cena do avião em que Smart diz a sua mais nova parceira: “temos algo em comum afinal, não gostamos do que vemos no espelho: você fez plástica e eu emagreci”; até o desfecho quando escuta-se (não tão discretamente) um trecho da famosa trilha sonora criada por Monty Norman para o personagem do escritor britânico Ian Fleming.

O Diretor Peter Segal (Como Se Fosse a Primeira Vez e Tratamento de Choque) acerta ao imitar/conservar muitas das idéias da série. O clássico sapato-fone ganha uma pontinha; o engraçadíssimo e ineficiente “cone de silêncio” - sempre utilizado quando Max e o Chefe conversavam algo secreto, no seriado original; as mãos falsas, úteis quando Max era algemado, entre outras. Ao lado deles, os colegas da Agência.

Antes mal acompanhado que só.

A parceira 99, talvez o único ser da agencia C.O.N.T.R.O.L.E. capaz de compreender as idéias mirabolantes de Max é bem retratada pela atriz Anne Hathaway (O Diabo Veste Prada e O Segredo de Brokeback Mountain), assim como o paternal e paciente Chefe, agora vivido pelo ator Alan Arkin. Fazendo uma pontinha, Bill Murray aparece como o Agente 13, - personagem que sempre surgia nos locais mais improváveis no seriado - hilário. Mas há ainda “The Rock” vivendo o Agente 23 e a dupla de gênios Bruce (Masi Oka) e Lloyd (Nate Torrence).

Também estão lá, Terence Stamp na pele de Siegfried, o temido chefe da K.A.O.S. e seu braço direito, Shtarker, interpretado pelo competente Ken Davitian, completam o time.

86…

Agente 86 conta a história de como Maxwell Smart tornou-se um agente.
As piadas são inteligentes e completam o contexo, o roteiro enxuto e as sequências de ação dinâmicas. Para os novatos que nunca assistiram ao seriado, o roteiro explica os motivos que levaram a C.O.N.T.R.O.L.E. a promover seu analista de sistema a um agente secreto; para os veteranos acima dos 50 uma divertida sensação de deja-vù e o sentimento de que logo logo veremos uma continuação do tipo: 86 – os diamantes que não brilham ou 86 – golden ass.
Aguardaremos ansiosos.

Agente 86 - Ficha técnica
  • Título original: Get Smart
  • País: EUA
  • Ano: 2008
  • Duração: 110 min.
  • Gênero: Comédia
  • Direção: Peter Segal
  • Roteiro: Tom J. Astle e Matt Ember
  • Elenco: Steve Carell, Anne Hathaway, Dwayne "The Rock" Johnson, Alan Arkin, Terence Stamp, Masi Oka, Dalip Singh, Bill Murray
  • Avaliação: 7,0
Download: http://www.megaupload.com/?d=NR17DGLJ