segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O mistério de Feiurinha | crítica

Xuxa está de volta com seu “circo dos horrores”

Em 1983 eu não tinha nascido ainda e não pude presenciar o início da carreira cinematográfica da loura com o “O trapalhão na Arca de Noé”. Nada demais se levarmos em consideração que no próximo ano viria mais um, e no ano seguinte também e na sequencia idem... Essa maldição no pior estilo O grito (The grudge, 2004) nos persegue sem qualquer piedade e nos causa sustos terríveis todos os finais de ano.

O tal filme ao qual eu me referi acabou levando mais de 2 milhões de pessoas aos cinemas, (numa época em que o cinema nacional vivia numa espécie de UTI do mercado) e como a maldição do filme mencionado acima, não parou de crescer.

O mágico de Oróz (1984), O reino da fantasia (1985), o sofrível Super Xuxa contra Baixo astral (1988) e A princesa Xuxa e os trapalhões (1989)... Nenhum deles poderia nos preparar para o que estava por vir, era uma espécie de clímax... Lua de Cristal estreou no final de 1990 e levou mais de 5 milhões de pessoas aos cinemas – não me pergunte como.

Quase dez anos se passaram sem nenhuma aberração cinematográfica da loura e todos já viviam comodamente, sem suas vidas serem afetadas por essas piadas de mal gosto – parecia enfim que a Maria da Graça (não confundir com dês graça) havia notado: sua vocação não era o cinema – e o que seria então?

Em 1999 o pálido 007 – O mundo não é o bastante (the world is not enough) tinha seu brilho ofuscado pelo inovador A Bruxa de Blair (the Blair witch project); num ano que pudemos presenciar ainda a bela parceria entre Sam Mendes e Kevin Spacey em Beleza americana (American beauty), o divertidíssimo American Pie (idem), o excêntrico A tempestade do século (the Century storn) de Stephen King e aquele que se tornaria o novo clássico do cinema moderno: Matrix (idem); eis que aparece um nome que faria até o Chuck Nórris tremer: Xuxa requebra – ela estava de volta... E continuou ano após ano nos perseguindo com suas “obras”. De 1999 até a data atual foi um “filme” a cada final de ano e cá estamos nós. Felizmente os seres humanos da década de 90 em diante provaram ser inteligentes, aprendendo com os erros da década passada e os filmes da loura tem caído vertiginosamente anos após ano – o último: Sonho de menina não alcançou nem os 200 mil espectadores...

Aperte os cintos, o piloto sumiu

Em 2009 Xuxa volta com seu mais novo circo de horrores: O mistério de Feiurinha (idem). Como neste momento em que escrevo, o longa ainda esta em cartaz, tendo estreado à poucos dias, não posso dar números exatos sobre o retorno financeiro do filme. Mas posso dizer o que vi e o que ouvi – não de adultos, que assumidamente não vêem mais nenhuma graça na Rainha e sim de seus “fãs” e a opinião dos baixinhos não é tão diferente da nossa, acredite. Xuxa parece que hoje vive no tal mundo da imaginação que deu título a mais um programa da loura que também não vingou... O mistério de Feiurinha é apenas o reflexo disso: Texto sem sentido, direção fraca, atuações que beiram o ridículo, edição de quinta categoria, ação tão pálida quanto os fantasmas das animações do Sooby doo e uma trilha sonora análoga à dos antigos games do Atari, nos fazem pensar: O que estamos fazendo nesta sala?

Ao pé da letra

O que acontece com as princesas e seus príncipes depois do ''viveram felizes para sempre''? As princesas têm filhos, sogra, cunhadas. Os príncipes engordaram. Os casais têm conflitos matrimoniais, mas continuam felizes. Entretanto, prestes a completar bodas de prata, Cinderela, Rapunzel, Branca de Neve, Bela (da Fera), Bela Adormecida e Chapeuzinho Vermelho estão ameaçadas de desaparecer, depois que a princesa Feiurinha sumiu misteriosamente do mundo encantado e ninguém se lembra da história dela. Para salvar o reino e continuarem sendo felizes para sempre, elas embarcam numa aventura “emocionante” para encontrar Feiurinha. Fadas, bruxas, príncipes, encantos e feitiços se misturam nessa fábula surpreendente, repleta de magia e diversão.

Fiz questão de apenas copiar e colar a sinopse oficial apenas para mostrar que o roteiro nem é tão ruim, acredito inclusive que seria bom entretenimento se fosse conduzido por outra equipe e sem a Xuxa no papel principal, claro. O que mais posso falar além do que já se mostra bem claro? Não é novidade pra ninguém que a única intenção dos filmes da tal Rainha dos baixinhos é apenas montar uma passarela por onde os seus amigos famosos (cantores, apresentadores, atores do tipo “modinha”, ex namorados e por aí vai) possam passear sem nenhum compromisso. Nesse caso em especial havia a necessidade de “apresentar” a sua cria nas telonas. Chega a ser constrangedor todo o esforço por parte de todos para encobrir a falta de talento da menina e durante cerca de 90 min a equipe de Yamazake questiona o intelecto de nossas crianças e consome toda a paciência dos adultos.

Até quando?

Iniciei meu texto fazendo algumas comparações entre O mistério de Feiurinha e a série de filmes de horror japonês O grito. Entretanto poderia comparar com quaisquer outros títulos igualmente horrendos – não por se tratar de um filme de terror mas por se tratar de um filme assustadoramente ruim. Resta aos pais tentar mentir para seus filhos dizendo que eles não verão mais aquele tipo de coisa nos cinemas – mentira, pois sabemos que em 2010 a maldição estará de volta com algum outro nome tipo: Xuxa no planeta Xuxecho ou Xuxinha contra os monstros mau humorados, sei lá. Dessa turma podemos esperar qualquer coisa e a única forma de nos livrarmos dessa perseguição sádica é mostrar nas bilheterias que nós não queremos mais esses “presentes de grego” nos nossos natais. Contamos com vocês.

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Um comentário:

  1. um dos piores filmes que ja vi em minha vida. a nota bem que poderia ficar em -15 ou algo assim. bjs

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