Nunca fui fã do imediatismo desesperado ou muitas vezes maldoso que leva a maioria a querer a cabeça de técnicos na primeira sequência de derrotas nos primeiros meses de trabalho. Tem quem não goste de um técnico desde a sua contratação, foi contrariado em sua preferência na lista de opções e decide que vai pegar no pé intransigentemente até sua demissão.
Acabei criando um ritual próprio de formação de opinião em relação a técnicos. Há um tempo específico para mostrar trabalho, outro para mostrar sua idéia tática e outro para mostrar resultados. Inclusive, desconfie sempre de quem chega mostrando resultados imediatos, pois geralmente a inconsistência aparece logo adiante.
Cumpri todas as etapas com o Silas. Por isso não identifico nenhum sinal de inconseqüência em quem exige a saída imediata do técnico, treinador, pastor, agente ou qualquer outra denominação que se ouve daquele que atualmente ocupa o cargo de comandante do vestiário.
Silas teve mais de meio ano, teve a vantagem de iniciar os trabalhos numa pré-temporada, teve a dádiva de uma intertemporada, tem Paulo Paixão, tem um grupo de jogadores que formam a maior folha salarial do Grêmio no milênio. Mesmo assim, não se vê o trabalho do Silas, muito menos alguma idéia tática ou trabalho de jogadas. Pelo contrário, se vê o Rodrigo dizendo após o empate com o Vitória que “quanto mais o time treina, mais erra em campo”.
Não concordo, mas entendo a posição da direção ao demonstrar – ao menos nos microfones – convicção no “trabalho” do Silas. Quero acreditar que é apenas para evitar que se exteriorize uma crise maior, e que os dirigentes não estão pensando nas conseqüências políticas numa hora dessas. Mas presidente, pare de falar publicamente que o trabalho do Silas já foi provado. Na Copa do Brasil o Grêmio parou no primeiro adversário com alguma qualidade e o argumento de que “é loucura demitir um técnico que nos deu o Gauchão”, ficaria bem na boca de um dirigente do interior. Na de um presidente do Grêmio, fica chato pra nós.
A certeza é que o Grêmio precisa de um novo técnico, com uma nova idéia de trabalho (no caso, ALGUMA, idéia de trabalho), e acho difícil que o próprio Silas se transforme neste NOVO técnico. A única dúvida é QUANDO esse novo treinador virá, e consequentemente a ela, qual será sua missão. Título? Vaga na Libertadores? Ou algo ainda menos honroso?
Às Margens
Há 14 horas
Concordo plenamente quando você escreve que se deve dar tempo ao técnico mostrar seu trabalho. Apesar de acompanhar de longe, acredito que o Silas tenha o mesmo defeito da maioria dos treinadores brasileiros, acreditando que o ideal é defender, encher o time de volantes e se possível ganhar de um a zero.
ResponderExcluirCom exceção do São Paulo de Muricy que colocava a defesa em primeiro lugar, dificilmente um time que joga desta forma ganha um título importante como Libertadores e pior ainda o Brasileirão.
Abraço
Gosto do Silas como trinador, fez um excelente trabalho no Avaí. Mas nos Grêmio realmente ainda não engrenou.
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