segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Sherlock Holmes - crítica

Guy Ritchie conseguiu transformar o famoso detetive de Sir Arthur Conan Doyle num personagem de conto do Scooby Doo.


Estava eu, tentando puxar pela mente minhas leituras de uma ou duas histórias do Holmes, lidas ainda na época do ensino fundamental enquanto assistia um filme no estilo “surf de piscina” (coisinha mais sem graça). Pra ser sincero nem me lembro muito bem dos textos de Sherlock Holmes. As únicas coisas que me vem a mente são: ele era um bastardo do tipo compreensivo, que fumava um cachimbinho (não o da paz, claro) e usava um chapéu xadrez engraçadinho, sem esquecer da característica capa...

Acho que dei mais voltas que um peru na merda para dizer que não fiquei muito impressionado com a nova história do detetive famoso e interessado ainda menos em suas novas características. Evidente que não precisava ser nenhum gênio pra imaginar que com Guy Ritchie (Rock n' Rolla, 2008) envolvido no projeto, o filme não seria nada que seus avós poderiam reconhecer ou aprovar. Ritchie é muito conhecido por “distorcer” personagens dos outros e transformá-los numa outra coisa qualquer – e vai saber em que ele quis transformar o Holmes.

Mas antes que vocês achem que vou baixar o pau na obra do rapaz, quero dizer que Sherlock Holmes (idem, 2009) é sim, um divertido filme de ação que na minha opinião pecou por mostrar um lado do personagem, digamos um pouco indigesto. Se o filme fosse sobre um outro detetive qualquer, passaria como um bom filme.

No filme, o Sr. Holmes (Robert Downey Jr., de Homem de Ferro) é apreciador de apartamentos sujos e bagunçados, além das drogas – Ritchie conseguiu transformar o antigo cachimbinho em cachimbo da paz mesmo. Sem falar que sua convivência com seu fiel companheiro Dr. Watson (Jude Law, de A.I. – Inteligência Artificial) lhe serve mais como parceiro para os diálogos “homoeróticos” e acesso a toda a “frescurinha” da alta sociedade britânica do que como qualquer outra coisa. Como Einstein, o Holmes de Ritchie é um gênio nato, o cara é o picão mesmo, poderia muito bem solucionar seus “problemas” de forma elegante e inteligente, mas gosta mesmo é de resolver suas questões na base dos catiripapos, seja por diversão ou por sobrevivência. Mas os roteiristas Michael Robert Johnson, Antony Peckhan e Simon kimberg podem ao menos dizer que não mudaram as características “pomposas” do bom e velho britânico – até porque se até isso mudassem aí poderiam dar o nome que quisessem a esse personagem.

Roteiro de desenho do Scooby Doo?

Deixando as mancadas de lado, na Londres do século XIX há um mistério em andamento. Um certo malandro conhecido como Lord Blackwood (Mark Strong, de Kick Ass), mexe com aquelas tais “artes ocultas” e curiosamente tem dado fim a algumas donzelas da área nos seus trabalhos. Não dura muito até Holmes por a mão no sacana e enforcá-lo. Mas como assim? Parece que o cara adquiriu certos poderes através da “arte das trevas” que o permitiram ressuscitar. A Scotland Yard, liderada pelo inspetor Lestrade (Eddie Marsan, de V de Vingança), cai numa confusão daquelas e (claro) não consegue resolver o caso, aí entra em cena novamente o “pica das galáxias” Sherlock Holmes e seu companheiro Dr. Watson para por fim ao mistério e capturarem (novamente) o catimbozeiro do Lord Blackwood – nome legal esse, hein...

Mas eu não vou dar as longas voltas (e reviravoltas), como as do filme, para dizer que o Diretor Ritchie criou uma história que força o espectador a ser apenas espectador – não tente interagir com a ação, tentar resolver o caso, se antecipar aos fatos. Todas as pistas que a história nos fornece são descartáveis... Por mim tudo bem, até porque acho que a grande diversão do filme não é mesmo a tentativa de resolução do caso e sim as perseguições ou os clubes de luta nos bastidores de uma doca de construção de navios. Os efeitos deixam a desejar, concordo (os cenários são mal iluminados para esconder os defeitos); mas a sensação é que de fato estamos olhando a suja Londres de 1891.

Oh e agora, quem poderá nos salvar?

Eu!... Quer dizer, Ele! Robert Downey Jr. nos ajuda a ignorar alguns dos buracos no mistério com seu carisma e competência - e pensar que eu ainda cheguei a pré julgá-lo quando soube que ele daria vida ao detetive dos livros. Jude Law também dá sua contribuição para melhorar o nível da produção no papel do Dr. Watson, que geralmente era caracterizado como um “palhaço” nos filmes anteriores. Outro ponto forte é a razoável quantidade de tempo que a produção usa para “desenvolver” a amizade entre os dois protagonistas, no final acho que acaba valendo a pena.

Mas existe uma peça que não se encaixa no quebra cabeça, e esta peça é Irene Adler (Rachel McAdams, de Vôo Noturno). McAdams apesar de algum conteúdo como atriz, age como um peixe fora d’água e não adiciona nada mais ao filme. Felizmente seu tempo em cena é curto – assim não precisamos sofrer um longo período com sua presença.

Aliás por falar em longo, esse “resgate” de Holmes, se mostrou claramente a “versão comercial” do detetive e certamente terá uma longa história de seqüências. Agora a pergunta que não quer calar é: vale a pena assistir uma possível continuação?

A resposta é elementar meus caros leitores: Se os protagonistas voltarem, se McAdams e Ritchie não voltarem (claro), se o roteiro permitir aos espectadores ao menos TENTAR resolver o próximo caso e se eu não estiver jogando Colheita Feliz no dia da estréia; eu volto para ver o desenrolar do próximo mistério. E vocês?

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Informações úteis:

  • Titulo original: Sherlock Holmes
  • País: EUA
  • Ano: 2009
  • Duração: 128 min.
  • Gênero: Ação
  • Direção: Guy Ritchie
  • Elenco: Robert Downey Jr., Jude Law, Mark Strong, Eddie Marsan.
  • Avaliação: 3 (ok)
Informações (in)útéis
Sobre o filme:
  • Quando vi? 15/02/2010
  • Com quem?
  • Quantas vezes? Uma vez
  • O que senti? Ha, vá...
Sobre o texto:
  • Quando escrevi? 10/03/2010
  • Onde estava? Em casa
  • O que escutava? Maria Gadú - Maria Gadú
  • O que ingeria? Nada

Trailer oficial:


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