segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

As mulheres também peidam - cordel

As aparencias enganam... Já dizia meu avô.

Literatura de cordel (pra você que não sabe) é um tipo de poema popular das antigas, originalmente oral, e depois impressa em folhetinhos ou outra qualidade de papel, que eram postos para venda pendurados em cordas ou cordéis - daí vem o nome sacou? No Nordeste Brasileiro, o nome foi herdado, mas a tradição do barbante não vingou... Ou seja, o cordel brasileiro poderia ou não estar exposto em "cordeis". São escritos sempre de forma rimada e alguns poemas são ilustrados com xilogravuras, o mesmo estilo de gravura usado nas capas - é bacana demais. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores.

Aqui apresento a vocês (pra quem não conhece) um cordelista de responsa mesmo. O cara é bom!

Divirtam-se:

As mulheres também peidam

As aparências enganam
Já dizia meu avô
E o público masculino
Durante séculos se enganou
Pensando que mulher não peida
Ou se peida é sem fedor!

Mas pesquisas cientificas
E estudos do IBGE
Divulgaram resultados
Dignos de crença e fé
Confirmando a existência
Do peido discreto da mulher!

Mulher peida com classe
E com muita discrição
Sempre o peido “tiro surdo”
É da sua predileção
Por que não delata o autor
E nem chama atenção!

Quem ver uma mulher perfeita
Do corpo fenomenal
Cinturinha violão
Toda no salto e coisa tal
Nem se imagina diante
De uma peidona sem igual!

É que às vezes a mulher
Vacila e faz bobagem
E come no almoço
Cebola, repolho e vagem
E segue tranquilamente
Pra fazer uma viagem...

Essa mistura explosiva
No intestino faz horrores
A bela moça acostumada
A só peidar nos bastidores
Faz tudo pra segurar
Os seus “gases delatores”

E vai em direção ao trabalho
Naquela situação
Com os gases pipocando
A barriga em ebulição
Sem agüentar mais “detona a bomba”
Dentro da condução!

Quem incriminaria
Uma doce criatura
Toda bela e perfumada
Com a colônia da natura?
Mulher até pra peidar
Faz um gesto de ternura.

Existem vários nomes
Utilizados pro pum
Rasga coberta, apito
Silencioso, catifum
E toda mulher acredite
Com certeza usa algum!

Tem também os gases dos trópicos
Ou o peido tropical
Bufa fria, francesinha
Discreta, fenomenal
Longuinente, cheiro doce
E o peido regional!

Me disse uma amiga minha:
Lá em casa eu não peido só
Peidam minha mãe, minhas primas
Olha que até minha avó
Rasga cada bufa tremenda
De queimar o fiofó!

Peida a cantora de ópera
A modelo, a atriz
A pedagoga, a dançarina
A dama, a meretriz
O peido de Claudia Raia
É de arder as bordas do nariz!

Mulher peida discretamente
Mas peida com vontade profunda
Não importa se é rica ou pobre
Se é Maria ou se é Raimunda
E se a mesma for bonita
Quando bufa assa a bunda!

Mulher peida na espinha mole
Sem despertar a atenção
E quando o “perfume sobe”
Ela joga a culpa no cão
Dizendo: ô cachorro podre!
Parece que comeu sabão!

Outra vítima dessa gente
Que tem culpa no cartório
É a pobre criancinha
Que por não ter palavrório
É ardilosamente usada
Como bode expiatório!

Eu falo aqui das “peidoqueiras”
Mas não falo por fuxico
Algumas vão me olhar de lado,
Criticar e fazer bico
E outras até vão dizer:
Eu peido com o meu furico!

Não quero briga com as mulheres
Pelas quais tenho carinho
Nem fazer inimizades
Só por causa de um peidinho
Por favor, comprem esse cordel
Não me deixem rir sozinho!

A todas as mulheres do mundo
Eu amo de coração
E associá-las ao peido
Foi apenas gozação
Não se sintam injustiçadas:
Tem muito homem peidão!

Eu quero me desculpar
Se agir com indelicadeza
Se maltratei alguma “gatinha”
Ou uma linda princesa
Com essa história fedorenta
Dos “gases da natureza”

Tentando me justificar
Fiz uma zoada tremenda
As mulheres compreenderam
Afinal bufa não é lenda
Mas se algum marmanjo se envolver
Sabe o que eu tenho a dizer?
Engarrafe o peido delas e venda!

Gildásio Barreto dos Santos Natural de Amargosa – BA.
Residente em Salvador.
Estudante de Pedagogia, Poeta e Cordelista.

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