quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Julieta - crítica

Mistérios, códigos secretos, conteúdo histórico relacionado ao atual, estórias paralelas e romance na medida certa.


Julie Jacobs é uma moça reservada e solitária. Ainda criança, perdeu os pais num terrível acidente de carro e foi criada por sua tia-avó Rose. Durante toda a vida, Julie teve problemas de relacionamento com Janice, sua insuportável irmã gêmea, e a pessoa de quem se sentia mais próxima era Umberto, o fiel mordomo de Rose. É ele que vai ao seu encontro para dar a triste notícia da morte da tia e lhe entrega uma carta com uma revelação bombástica: seu verdadeiro nome é Giulietta Tolomei. A carta diz também que, antes de morrer, sua mãe descobrira um antigo tesouro de família e, ao que parece, algo muito valioso ainda está escondido em Siena.

Embora descrente, Julie viaja para sua cidade natal a fim de recuperar a herança da mãe. Ao chegar lá, encontra apenas objetos velhos, aparentemente sem valor. Ela também conhece algumas pessoas, quase todas adoráveis, com exceção de Alessandro, de quem desgosta de cara.

Lendo um velho diário que encontrou entre os pertences da mãe, Julie descobre que sua família, os Tolomei, tem uma antiga inimizade com os Salimbeni e que essa rixa provocara uma tragédia que atravessou os séculos – e que Shakespeare tornou mundialmente famosa ao escrever Romeu e Julieta. Quanto mais fundo ela mergulha na história de seus ancestrais, Romeo e Giulietta – e de sua própria família –, e quanto mais perto chega do tesouro supostamente deixado pela mãe, maiores são os riscos que a cercam. Pouco a pouco Julie, ou Giulietta, vai perceber que, nessa cidade, passado e presente parecem indissociáveis. E que nem sempre se pode ter certeza de quem é ou não confiável.

Minha Opinião:

Mistérios, códigos secretos, conteúdo histórico relacionado ao atual, estórias paralelas e romance na medida certa. O mais engraçado é que quando me deparei com o lançamento Juliet da autora Anne Fortier, a sinopse captou a minha atenção, porém, com a quantidade de livros que tenho para ler e obrigações de rotina a cumprir, acabei deixando a leitura para depois. E fico feliz com isso. A tradução da editora Sextante está de parabéns. Não houve erros grosseiros de gramática ou de digitação. O bom aproveitamento de um livro está intrinsecamente ligado à tradução/versão do tradutor.

O enredo do livro Julieta trouxe à superfície lembranças do livro que li quando era ainda menina e que depois encenei na adolescência. Para ser completamente honesta, Romeu e Julieta nunca fui uma das minhas peças preferidas de Shakespeare, muito menos uma história de amor com a qual eu me identificasse. Por mais genial que o “Bardo” tenha sido em seus contos eu sempre me reservei o direito de gostar ou não de suas obras, independente do fato dele ser um autor clássico. Romeu e Julieta, em minha opinião, é um romance frágil e um tanto superficial, assim como seus dois protagonistas. Sei que não sou popular por esta opinião, mas tenho que me manter verdadeira á minhas idéias.

O que me estimulou a ler Julieta foi o conteúdo histórico que a sinopse anunciava o fato de ter sua estória centrada numa espécie de caça ao tesouro. Aprecio muito a temática da descoberta, seja pessoal ou a de lugares e culturas diferentes.

Quando gosto muito de um livro costumo dizer que foi “experiência” lê-lo. E é exatamente assim que me sinto em relação a Julieta. De personagens complicados e profundos à descrição equilibrada de lugares e acontecimentos, este livro foi uma experiência e uma descoberta. E vou cometer o sacrilégio de afirmar que prefiro, respectivamente, os Romeu e Julieta de Anne Fortier.

Quanto á protagonista Julie Jacobs, posso dizer que me identifiquei ao extremo com sua personalidade. A introspecção que esconde uma mente bem afiada e certa insatisfação em geral, sempre procurando alguma coisa e sentindo uma parte de si vazia por isso.

Em uma de minhas passagens favoritas do livro, Alessandro – um personagem muito charmoso- diz a seguinte frase:

“Porque você acabou de descobrir quem é (...) e tudo começa a fazer sentido. Tudo o que você fez, tudo que optou por não fazer... agora você entende. É o que as pessoas chamam de Destino.”

Eu nunca me senti confortável com o conceito de Destino, porém ao ler esta frase não pude negar que fez muito sentido para mim e assim como diz Alessandro, tudo que fiz e faço,acaba por definir quem eu sou. Por isso jamais faço nada levianamente. E começo a entender que talvez Destino seja apenas um sinônimo para quem eu sou e quem nasci para ser.

Amei Julieta e indico para jovens e adultos, homens e mulheres das mais variadas idades.

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Informações úteis:
  • Texto por: Marina Moura
  • Titulo original: Juliet
  • Ano: 2010
  • Editora: Sextante
  • Gênero: Romance



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