terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Marvel Terror - crítica

Promoção da MARVEL: Pague 4 e leve 1. Um absurdo.


Pensa aí: Noite chuvosa, janelas de vidro, fúnebre, luz de abajur, chocolate quente... Agora junte isso a uma bela HQ de Terror e você terá uma combinação perfeita – pra quem gosta, evidente. Esse seria o cenário ideal para curtir ao máximo essa experiência que é ler histórias cheias de sangue, mistério, ação...

Olhando por esse lado, posso dizer que ironicamente não consegui reunir nada do que foi citado acima (exceto a revista, claro); afinal não chove a mais de 2 meses na capital baiana; não tenho janelas de vidro em meu apartamento; os únicos CDs que se encontram em minha estante são os de Heavy Metal; meu abajur, o gato quebrou durante um surto alpinístico e por fim, não sou muito chegado a chocolate quente; Mas já tinha comprado a HQ de Terror e não ia deixar de ler nem a pau...

Confesso que já fazia um tempo que eu nem olhava pros lançamentos da MARVEL (que tem tropeçado mais que os Bolas Murchas do Fantástico), mas por se tratar de algo “novo”, digo fora dos padrões daqueles Super-Heróis, Super-Fortes, Super-Inteligentes, Super-Rápidos, Super-Altos, Super sei lá o que... achei que valia a pena conferir.

Só faltou o Van Helsing.

MARVEL Terror reúne contos de uns bichos bem conhecidos pelo público como lobisomens, frankensteins, vampiros, zumbis. Tudo isso rateado em 4 histórias:
  • O lobisomem está no sangue.
A 1º conto conta a história de Jack Russell que anos atrás (quando ainda era um pimpolho) foi o único sobrevivente de um massacre. Hoje o cara ta de boa, só quer ficar em paz e curtir a família nova. O problema é que Jack tem um monstro interior (literalmente) que está cada vez mais difícil de esconder.
  • Garota do Interior.
O 2º conto fala de Rhona, uma garota que sempre soube da sua vocação para virar bicho uma vez por mês e sempre viveu nas intocas. Após ter a Mãe e a irmã assassinadas por sofrerem do mesmo mal, ela passa a viver mais enfurnada ainda, com medo que sua hora chegue. E ela chega...
  • Amor Fúnebre.
O sofrível 3º conto nos mostra as desventuras de Simon Garth, um zumbi azarado que vive se metendo em frias, sempre em busca do seu grande amor – você não leu errado, é isso mesmo, Simon é um zumbi apaixonado.
  • Para ser um monstro.
A 4ª e última história é sobre o Padre McCauley, e ele não tem sido um bom menino. Nos bastidores de sua paróquia tem realizado experiências para criar monstros terríveis; mas após a chegada de dois misteriosos visitantes ao seu vilarejo, os dias do beato estão contados.

Pague 4 e leve 1.

Ao entrar na revistaria e procurar Marvel Terror confesso que tinha grandes expectativas para essa coletânea – na pior das hipóteses esperava que ao menos valesse os meus suados R$ 17,90. A culpada pelas minhas esperanças era a própria MARVEL que divulgou no meio do ano imagens banhadas em sangue e uma capa de arrepiar até os pelos do suvaco.

O conto “O lobisomem está no sangue” cumpre (quase) tudo o que a editora prometia: sangue, suor e lágrimas – e sem moderação. Faltou mais sacanagem para apimentar, mas nada que comprometa; os quadros são bem dinâmicos, os diálogos sem enrolação e recheados de gritos e palavrões – nada de leitura cansativa, bocejos ou mão no queixo. O roteiro de Duane Swierczynski (que também escreve Cable) é bem amarrado como sempre (sem pontas soltas) e só derrapa no finalzinho (achei o desfecho um pouco arrastado). O protagonista foi bem construído entre suas macaquices (ou seriam cachorrices?) e reflexões.

A arte de Mico Suayan (que também desenha o Thor - ah, o nome do cara é mico mesmo, não ria) é muito boa mesmo, os desenhos são bastante expressivos – algo que (também) é quase uma obrigação pois com um roteiro que foca muito no lado psicológico do personagem, desenhos sem muita técnica matariam a HQ.

Mas nem tudo são flores; a babação de ovo para por aqui: os contos seguintes são fraquíssimos – sorte a nossa que o 1º ocupa quase 70% da revista.

"Garota do interior" é uma espécie de genérico da primeira história, com um filtro a lá Crepúsculo – ou seja com uns personagens bonitinhos, com seus cabelos EMO e charminhos de canto de boca – com direito a close no abdome de “tanquinho” do rapaz e tudo. Mas dá pra ler tranqüilo, não chega a ser insuportável.

Mas o nível despenca de vez quando começa “Amor Fúnebre” – que ao contrário de “Garota do Interior”, não possui chame algum, nenhum mesmo. O tal Simon Garth é horrível (tudo bem que nunca vi nenhum zumbi boa pinta, mas esse é feio demais pô), culpa dos traços deformados de Ted Mckeever (Little book of Horror: Guerra dos mundos, 2004) – os desenhos são tão tremidos que até parece que foram feitos durante um ataque de parkinson; o roteiro (que também é de Mckeever) também é uma merda: que negócio é esse de zumbi filósofo, cheio de dilemas e reflexões? E ainda por cima apaixonado? Sem falar no histórico beijo de língua... Putz aja saco – e olha que ainda tem o último conto...

No geral, Marvel Terror vale a pena ser conferida – ao menos a primeira metade dela...

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Informações úteis:
  • Texto por: Willian Rof
  • Titulo original: The legion of Monsters
  • Ano: 2010
  • Editora: MARVEL Comics
  • Gênero: Terror

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