sexta-feira, 18 de março de 2011

Bando de dois | crítica

Bang Bang brasileiro – e sem dever a western nenhum.

Boa parte de minha infância foi recheada de HQ’s – meu pai torrou uma grana lerda com o meu Hobby preferido; para todos os lados que se olhava lá no meu quarto podia se ver revistas de todo tipo de super herói que você possa imaginar... mas o tempo foi passando e eu fui tomando raiva de qualquer tipo de história que envolvesse alguém com capa, botas ou máscaras frescas – e por falar em frescura, tai uma coisa que com certeza Bando de dois (idem, 2010) não é.

Cru, ácido, pirotécnico, insensível, chame como quiser; Bando de dois, foi eleito esses dias aí (ano passado, na verdade) pela crítica (que seria basicamente um grupo de engomadinhos nerds que acham que sabe mais que os outros) como a melhor (no popular, A MAIS FODA DE TODAS) HQ lançada no Brasil em 2010, e quer saber? Esses caras acertaram em cheio – acho que nerds também gostam de sangue...

Que história mais arretada é essa?

Na trama, dois cangaceiros miseráveis e com nomes que fariam qualquer um cagar nas botas (os caras são conhecidos como Tinhoso e Caveira di Boi – e aí, vai encarar?) se jogam na buraqueira em busca daquela velha e boa vingança sanguinária depois que, numa emboscada, planejada pelas Tropas policiais da Volante do Tenente Honório seu bando foi reduzido a pó – ou a cabeças sem corpo, se preferir. É uma questão de gosto.

Agora eles devem alcançar os “puliça” para recuperarem as cabeças feiosas de seus parceiros, que foram decepadas e estão a caminho da “capitá” de... de... de sei lá onde (a história não diz) para serem exibidas como troféu – no melhor estilo AÊ GALERA, FUDI COM O TIME DELES Ó! Tudo isso se banhado na cultura, nas crenças e do “idioma” peculiar deste lado do país.

Esqueça Tex.

A idéia talvez seja o ponto mais forte. Quando soube do lançamento de Bando de Dois (e que se tratava de uma história sobre o Cangaço nordestino) fiquei pensando na coragem do rapaz – quem compraria uma HQ de Bang Bang (que convenhamos, não é preferência em nenhuma revistaria) ambientada na região mais vitimada pelo preconceito no Brasil? Queimei a língua – ainda bem.

Mas apesar do ponto positivo de ter fugido da mesmice dos caras vestidos em collants de cores berrantes e com super poderes, o enredo de Danilo Beyruth não chega a ser o máximo (mas é muito bom) e nem um show de originalidade – aliás é até recheado de clichês dos velhos Westerns; mas quem se importa? o mais interessante é como o cara abordou a real do Cangaço – em certos momentos lembra muito aqueles filmes de antigamente que adoravam retratar a época com todo aquele ar de Faroeste. A diferença é que Bando de dois faz isso com qualidade – tanto no roteiro quanto nas ilustrações. Beyruth é o CARA!

As ilustrações (também assinadas por Beyruth) são cheia de ação, crueldade e inteligência; as seqüências são corridas e dinâmicas – parece mesmo um filme: tiros, facadas, explosões, gente caindo de telhado, mordidas – não, mordidas não; acho que me empolguei. Mas Imagine uma versão Hardcore Total do Tex... é por aí. Um negócio bom como a muito não se via por essas bandas – do Nordeste e não do Oeste.

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