quinta-feira, 7 de abril de 2011

A Pirâmide Vermelha | crítica

Rick Riordan 2: Mais Molecada. Mais Mitologia.

Acho que o sonho de consumo de qualquer escritor com os neurônios no lugar é encontrar um filão: algumas linhas de história simples, que tenham um mínimo de originalidade (e caía rapidamente no gosto de qualquer um - independentemente da idade, da conta bancária ou do lado que dorme na cama), vire um sucesso estrondoso e encha o rabo do autor de notinhas verdes.

Com Percy Jackson e os Olimpianos, Rick Riordan encontrou essa tal mina de ouro - O Ladrão de Raios vendeu uma caralhada de cópias em tudo que é buraco por aí afora, rendeu trocentas continuações (foi Percy Jackson e isso, Percy Jacson e aquilo - só faltou lançar Percy Jackson VS Capitão Nascimento) e sugou até a última gotinha de roteiros com molecada espinhenta que desafia Deuses Gregos, monstros medonhos (tipo cabeça de bicho, corpo de gente e rabo de qualquer outra coisa) e organizações mais velhas que o Silvio Santos. Para Riordan só restava uma saída: criar uma nova saga para mudar o foco do semideus e seus amigos - mas não muito...

Quem foi que disse que no Egito só exite Múmia?

O novo trabalho do autor de Percy Jackson é "A Pirâmide Vermelha (Red Piramid, 2011)", romance juvenil cheio de correria, sopapos, raios, explosões e Deuses escrotos: Já leu Percy Jackson? Qualquer semelhança entre as séries não é mera coincidência - eu disse que o cara não mudaria muito...

A Pirâmide Vermelha conta a história dos irmãos Carter e Sadie Kane; dois pirralhos (o autor adora colocar aborrecentes nos papéis principais) separados pela morte da mãe - uma morte mais misteriosa que conselho de Mestre dos Magos. Com isso, o garoto ficou com o pai - o engomado egiptólogo (eu nem sabia que cavucar pirâmides, decorar meia dúzia de hieróglifos e saber umas coisas sobre Múmias e Faraós rendia algum dim dim) Dr. Julius; enquanto isso, sua irmã mais nova consome o resto dos dias de vida dos avós maternos na Inglaterra - mais precisamente em Londres.

Tudo ia muito bem no puteiro de Gal (isso é metáfora, não existe nenhum bordel no livro ok?) até que durante uma visitinha inocente a um museu em Londres o pai dos moleques decide encarnar o Harry Potter, recita uma meia dúzia de catimbós errados, faz brilhar uns dois ou três desenhos no ar e libera um punhado de Deuses mau humorados de dentro de uma pedra - e ainda tem gente que diz que o Programa do Ratinho é que viaja na maionese...

Em time que está ganhando não se mexe - se adapta.

Não dá pra negar em momento nenhum que o autor repete muita coisa que já cansamos de ver em Percy Jackson (basta ler o livro e você verá muitas semelhanças entre os dois) mas a verdade é que A Pirâmide Vermelha tem sim uma alma própria, uma história que se sustenta - isso quer dizer que não fica simplesmente se escorando no sucesso do filho de Poseidon; busca beber em outras fontes quando expõe a Mitologia Egípcia - bem menos conhecida e muito mais interessante, aliás, com Deuses muito mais cascudos e escrotos que a grega; e principalmente por tentar fazer uma ponte entre as duas histórias, parece que Riordan pensa sim em um dia misturar essa porra toda e fazer um bolo só - imagine uma guerra entre mitologias... Ponto pra ele.

Com um ritmo de filme no estilo do Michael Bay mostrando claramente a intenção do autor de adaptar o livro para as telonas e encher mais ainda o seu furico com dólares, uma história bem bacana - mais interessante inclusive que a do seu predecessor (falei bonito agora, fazia um tempo que não usava essa palavra); e uma excelente recepção dos leitores em todo o mundo, uma coisa é certa: Riordan está de volta com seus garotos hiper ativos/matadores de Deuses e suas aulas de Mitologia.

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