sexta-feira, 4 de junho de 2010

Amor sem escalas - crítica


Tenho que admitir, eu sou um cara preconceituoso – foi o que pensei, coçando o nariz, dando uma golada demorada naquela cerveja que dizem que é redonda e parado ante o banner enorme de amor sem escalas. Pronto, falei!
Posso apostar o meu testículo esquerdo (apenas o esquerdo) que nesse momento os meus leitores (principalmente as mulheress estão rachando o bico a rir de mim por ter admitido tal coisa. Mas vamos pensar: qual a 1ª coisa que lhes vem a mente ao ver George Clooney naquele cartaz?
Oras; o cara é o típico ator galã de meia (quase 3ª) idade, astro consagrado por seus papéis em romances bem açucarados... Tudo bem, já mostrou enorme talento dramático em filmes de outros gêneros, mas eu sou um cara preconceituoso e só me vinha a mente um sem-fim de produções modinha para meninas fãs de contos de fada ou integrantes de movimentos Emo Core. Mas já estava decidido: eu ia assistir aquele mesmo – todos falavam bem deste filme e ainda que não seja um refém da opinião popular, permiti que a curiosidade me guiasse até a sala de projeção.

100 minutos depois...

E então Rof, o que achou? – perguntou uma grande amiga que acidentalmente encontrei na saída. Pensei uns 15 segundos no que devia dizer, como resumir aquilo tudo numa única palavra... Então disparei: PERFEITO!
Pronto, agora posso apostar todo o meu aparelho urinário como vocês estão rindo de mim. 1º por ter admitido o meu “machismo” e 2º por admitir que quebrei a cara mais uma vez ao pré julgar um filme – a 1ª foi com Sempre ao seu lado (Hackicko – a dog’s history, 2009) acho que vocês se recordam...

Sem arrodeios...

Bem, quando me sentei na poltrona para assistir o tal filme eu já havia me informado (até por uma questão de precaução), sabia que o longa tinha se baseado na obra literária de Walter Kirn que falava de um cara (George Clooney) com uma profissão no mínimo interessante: ele é o que os ianques chamam de “assassino corporativo” – se você não entendeu muito bem, não precisa fazer cara de inteligente e pular o parágrafo, eu explico; mas presta atenção, só vou explicar uma vez. Ryan Birgham (Clooney) é pago para viajar país a fora anunciando demissões a funcionários de empresas em crise. E o cara é um expert nisso!
Mas Ryan não é apenas um ótimo clone de Roberto Justus quando fala: você está demitido! Ele também é um carismático palestrante e seu principal case é o “mochila vazia”. Nele o apresentador ressalta a importância do desapego como forma de “aliviar a carga” no decorrer da jornada de vida de cada um. A razão de abordar esse tema é criar uma metáfora de sua própria vida vazia e sem muito sentido, onde a sua maior ambição é atingir 10 milhões de milhas voadas e ter seu nome escrito numa daquelas geringonças em que voa diariamente.
Alguns minutos vendo (e revendo) as horas do dia de Ryan os bocejos começam a surgir no cinema; o filme começa bem, se desenrola de forma interessante, mas a certa altura parece “emperrado” ou sem rumo, sei lá...

Hora de arremeter!

O termo arremeter é muito usado entre controladores de vôo e comandantes de aeronaves para descrever uma ação de emergência na qual o piloto retoma o controle da aeronave e muda os planos de vôo com relação ao pouso – na maioria das vezes por falhas no procedimento de aterrissagem.
No filme o responsável por “arremeter” uma obra que já estava quase esbarrando no chão foi o diretor Jason Reitman (Juno) que estrategicamente insere Alex (Vera Farmiga, de A órfã) no momento certo e muda o curso do vôo – digo, do filme.
Alex é uma versão feminina do próprio Birgham e com quem o cara irá desenvolver uma relação que irá por em cheque os seus valores e repensar sua condição. Clichê, você pensou agora. Concordo, inclusive. A impressão que dá é que o filme é uma comédia romântica de coroas querendo chamar a atenção para suas peles em bom estado de conservação ou suas roupas de grife. Mas espere...

Sangue novo.

Calma, não é uma continuação da Saga Crepúsculo – parece que ninguém fala mais em outra coisa... Nesse caso me refiro a Natalie (Anna Kendrick) que tem a função de “nivelar a aeronave” até o fim da viajem. E consegue; o que era morno (quase frio, na verdade) torna-se fervente quando a revolucionaria Natalie anuncia seu pacote de idéias para a empresa – uma delas vai diretamente de encontro ao que mais agrada Ryan no seu trabalho e isso gera discussões. Mesmo se opondo as mudanças impostas pela empresa (baseada nas sugestões de Natalie) Ryan é escalado a “formar uma dupla” com Natalie, numa espécie de treinamento para mostrar os detalhes de seu método – a partir daí é um show de genialidade, tanto por parte da forte direção de Reitman, como pelas atuações do elenco.

Por todos esses motivos fica mais do que claro os motivos pelos quais eu considero esse filme perfeito, mas pra finalizar essa crítica com chave de ouro eu ainda posso dizer que o enorme brilhantismo deste filme deve-se muito ao fato do roteiro não permitir que o longa caia nas armadilhas desse gênero e mais: nos mostra como a solidão e o vazio podem ser cruéis mesmo sob a ótica dos marmanjos – sejam eles preconceituosos ou não.

Se você gostou desse filme:
Assista:
  • Thomas crown - A arte do crime
Evite:
  • A proposta
_____________________________________________________________
Informações úteis

  • Titulo original: Up in the air
  • País: EUA
  • Ano: 2009
  • Duração: 100 min.
  • Gênero: Drama / Comédia Romantica
  • Direção: Jason Reitman
  • Elenco: Jason Bateman, George Clooney, Anna Kendrick, Vera Farmiga, Melanie Lynskey, Danny McBride, Chris Lowell, Tamala Jones.
  • Avaliação: 5 (ótimo)
  • Filme completo: Download aqui
Informações (in)útéis
Sobre o filme:
  • Quando vi? 22/03/2010
  • Com quem?
  • Quantas vezes? 2
  • O que senti? Como numa sala de aula...
Sobre o texto:
  • Quando escrevi? 20/05/2010
  • Onde estava? No trabalho (que o chefe não leia isso...)
  • O que escutava? Dream Teather - Score
  • O que ingeria? Chá de limão. gripado pacas...



Nenhum comentário:

Postar um comentário