segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Cisne Negro | crítica

Um drama psicológico com ares de terror. Um conto de fadas com uma das trilhas mais fortes de todos os tempos e sem final feliz.

As histórias se misturam. Realidade e ficção são um só em Cisne Negro (Black Swan, 2010), novo filme de Darren Aronofsky. O filme conta a história de Nina (Natalie Portman, de V de Vingança), uma bailarina que, após a aposentadoria da antiga estrela de sua cia. de dança, tem a grande chance de sua carreira ao ser escalada para o papel principal de Lago dos Cisnes.

O problema é que o papel principal nessa complexa peça de Tchaikovsky é dividido em dois: A Rainha dos Cisnes e sua irmã gêmea má – o Cisne Negro.

Desde o começo, Nina se apresenta como uma talentosa e metódica bailarina, que dedica todas as horas do seu dia a dança. A disciplina necessária a uma bailarina de alto nível reflete não apenas em sua dança extremamente técnica, mas também em sua vida pessoal.

Seu quarto rosa e cheio de ursos de pelúcia mostra que a infantilidade não está apenas na falta de curvas em seu corpo, ou na cara angelical de Portman, Nina é infantil ao extremo e grande parte desse comportamento se deve a relação quase doentia com sua mãe (Barbara Hershey), que teve que abandonar a carreira de bailarina para cuidar da filha. Sempre com roupas pretas de balé como se estivesse de luto por sua carreira, a mãe de Nina a trata como uma adolescente de porcelana, depositando nela todas as frustações de sua carreira interrompida e deixando a menina em uma redoma de vidro. Totalmente controlada, sem privacidade.

Não é surpresa nenhuma que Nina tira com perfeição o número da Rainha dos Cisnes. O papel de princesa transformada em um cisne branco por um bruxa má e que vive a angustia de esperar por um príncipe que a liberte, cai como uma luva para a delicada e melancólica bailarina.

Porém, para interpretar o Cisne Negro, a técnica é apenas um pano de fundo para a sensualidade e a paixão exigidas por seu diretor (Vicent Cassel, de Paixão de Cristo), coisas que Nina não demonstra e nem nunca sentiu na vida.
A situação piora com a chegada de uma nova bailarina. Lily (Mila Kunis) é displicente, despojada, linda e extremamente sensual, tudo o que Nina não é.

Obcecada pela perfeição e esmagada pela pressão, a frágil Nina mergulha em um processo criativo autodestrutivo, se confundindo com a imagem perfeita de Lily e se transformando lentamente em Cisne Negro.

O roteiro escrito por Mark Heyman e Andres Heinz se baseia em metáforas. A transformação literal de Nina (que termina numa cena maravilhosa durante a apresentação final) é apenas um reflexo de sua transformação interna. Quanto mais Nina mergulha no seu personagem, mais sombrio o filme fica, nos levando a embarcar na loucura da bailarina.

Somos enganados a toda a hora e assim como ela, não sabemos o que é real ou não. Darren Aronofsky, que dedicou 15 anos ao projeto, dá uma aula de direção. Com uma ótima fotografia e lindos planos, o diretor dá o tom de claustrofobia e isolamento necessários para que o filme funcione.

Os espelhos são a principal arma do diretor, e parte importantíssima do filme, fazendo o papel de “janela da alma” de Nina, quase como um personagem próprio, nos mostrando tudo que está acontecendo internamente com ela.

Acompanhamos a fragmentação de sua personalidade com clareza e sutileza impressionantes. Vemos Nina se despedaçar diante dos nossos olhos, literal e metaforicamente. Mérito também da belíssima atuação de Natalie Portman, que merece todos os prêmios que ganhou até agora.
O paralelo entre o roteiro e a história do obra original de Tchaikovsky fica ainda mais evidente nos minutos finais do filme, quando o destino de Nina e do Cisne Branco se confundem e temos a mesma reação que a plateia do teatro no qual o balé se apresenta.

Se resta alguma dúvida sobre o final, não importa. A cortina fechou, o filme acabou. Fim do espetáculo.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Donkey Kong Country Returns | crítica

O Retorno dos Kong's ao console do joystick estressante.

Por Willian Rof
Antes de começar a crítica do novo jogo do gorilão mais burro da história dos games, quero fazer um agradecimento ao brother Marcos que me cede seu Wii sempre que preciso atualizar essa seção – e ainda é obrigado a aturar minhas histórias chulas, meus peidos envenenados e meu vocabulário recheado de palavras de baixo calão. Além das minhas piadas ácidas e politicamente incorretas, claro.

Esta semana o escolhido foi o mais novo capítulo da série Donkey Kong Country. O jogo em questão é Donkey Kong Country Returns, que trás o famoso macaco e seu amigo Diddy Kong para mais uma aventura repleta de desafios – e bananas.

Pega ladrão!

Quem é fã da série sabe que Donkey Kong e os atos de cleptomania sempre caminham paralelamente. Desde sua 1ª aparição (ainda nos arcades em 81), quando rouba uma princesa de não sei das quantas, o primata nunca mais parou de roubar ou ser roubado: de lá pra cá foram quase uma dúzia de jogos e muita surrupiação. O novo não seria diferente.

Desta vez a bicharada é hipnotizada por uns malucos com síndrome de Padre Quevedo e roubam umas bananas dos protagonistas – e todos sabem que no universo dos Kong’s isso é crime inafiançável; um acontecimento capaz de causar uma verdadeira guerra entre espécies. E se os cachos forem do Donkey então...

O retorno dos DK’s.

A Nintendo aproveitou nitidamente o gatilho das séries (que foram muito bem recebidas) do Mario (com o Mario Galaxy) e Samus (com o novo Metroid) para lançar mais uma série das antigas e revitalizar o seu pequeno arsenal de grandes jogos. Mas ao contrário do Mario e do Metroid (que tiveram sua jogabilidade modificada em relação aos o novo Donkey se utiliza de um sistema de jogo bem parecido com os antigos.

A começar com o padrão “da esquerda para a direita”, que marcou os jogos de plataforma nas décadas de 80 e 90; passando pelos mapas gigantescos (enormes mesmo), divididos por vários níveis que vão sendo desbloqueados a medida que o viciado controlador do joystick termina cada região. Sem esquecer dos cenários estilosos, que agora estão mais belos do que nunca, cheios de cores e peças interativas – graças a todo o poder do novo console da Nintendo.

Controle desgraçado.

Minha avó já dizia: nada é perfeito. O jogo, como era de se esperar é o maior barato; diversão garantida. Mas não da pra escrever uma crítica sobre um jogo do Wii sem mencionar aquele joystick. Basicamente o game inteiro pode ser jogado como controle desengonçado da Nintendo na posição horizontal – até aí da pra levar. O problema mesmo é que alguns comandos precisam de uma sacolejada no Wii Remote (nome oficial do controle estressante) para serem executados – em certos momentos parece que o jogador está tendo uma convulsão ou algo parecido.

No fim das contas Donkey Kong Country Returns pode até não superar as versões do gorila para SNES, mas garante boas horas de diversão ao lado do macaco besta mais carismático de todos os tempos. Marcos assina embaixo.



sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Sergio Aragones Destrói DC | das antigas

Nunca foi tão divertido destruir heróis.

Por Willian Rof
Qualquer fã de quadrinhos (ou quadrinhófilo, como chamam) com certeza já perdeu algumas horas de sua vida inútil para pensar o quão ridícula são as características que compõem os heróis DC. Impossível não rir da Mulher Maravilha com seu laço mágico e avião invisível; Batman é um cara normal (como eu e você) que consegue feitos incríveis – que nem eu nem você conseguiria. E o que dizer do Superman, um extraterrestre super forte, super rápido e superinteligente, mas ainda não se ligou que aqui no nosso planeta os habitantes usam a cueca por baixo da calça.

Não é só o Kick Ass que quebra tudo...

Olhando por um outro lado acho que até demorou um pouco para os nerds com poder na DC comics autorizarem uma publicação de humor como Sérgio Aragonês Destrói DC (Sergio Aragones destry's DC, 1996), utilizando-se de todas essas piadas prontas para criarem um dos maiores sucessos das HQ’s (ganhando inclusive o Will Eisner, o OSCAR dos quadrinhos) e gerando sequencias igualmente engraçadas como Sergio Aragonês Massacra Marvel e Sergio Aragonês Esmaga Star Wars. Esse Aragonês sabe mesmo desmantelar as coisas rapaz...

DC Destruída!!

Na trama Aragonês está cansado de sua vida medíocre como desenhista internacionalmente desconhecido, vivendo no submundo dos artistas de quadrinhos, ele quer reconhecimento e prestígio – não aquele da Nestlé, que por sinal é muito bom também. Ele quer sucesso! Para isso (segundo ele) precisa desenhar heróis famosos em uma história original – é aí que entra Mark Evanier quase sem querer na história.

Enquanto isso nos quadrinhos (dos quadrinhos) o Gavião Negro tem uma revelação bombástica que pode por um fim no Universo DC: segundo ele todos estão perdidos! Muito perdidos!!

Ajax, Aquaman, Flash, Lanterna Verde, Mulher Maravilha, Batman e Superman comem a pilha do feioso e decidem reunir-se (num lugar isolado e desconhecido – típico clichê de quadrinhos que reúnem muitos heróis) para discutir o problema e partir em busca do malfeitor – um vilão tão inesperado que nem o autor sabe quem é, literalmente.

Gênio é gênio e vice versa.

Falar de um clássico é sempre muito complexo: todos já sabem que essa HQ é extraordinária – Aragonês e Evanier funcionam como se fosse um uma só pessoa tamanha a sintonia entre os caras. O tempo da comédia é perfeito, faz com que o leitor morra de rir a cada nova página e até os “deslizes” do roteiro servem como piada – Aragonês passa mais da metade da HQ enrolando porque não sabe quem será o vilão medonho que está assombrando os heróis. Ao fim Batman chega a uma conclusão – mesmo sem coletar uma única evidencia. Genial!

E caso você não saiba nada sobre a vida destes mestres do humor em quadrinhos, não se preocupe, não será necessário você perder suas preciosas (e longas) horas de ócio pesquisando no Google. A própria publicação trás um resumo da biografia de ambos – assim você poderá se sentir um pouco menos inútil rapaz, e de quebra saber um pouco mais sobre seus dois novos ídolos. Divirta-se!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Solitários no SBT - a evolução.

A evolução dos Reality Shows

Por Willian Rof

Mais ou menos um ano atrás, eu lembro que zapeava pelos pouco mais de dez canais (mal sintonizados) de minha TV quando me deparei com um negócio curioso: um cara magrelo deitado no chão de uma sala de formas estranhas, enquanto uma voz distorcida narrava em OFF as ações do maluco – e de mais meia dúzia de desalmados que se meteram na mesma barca furada.

Não demorou muito para que eu percebesse que todo aquele circo fazia parte de mais um Reality Show. Mas como podia ser? Sem fofocas, picuinhas ou saradões com baixíssima atividade cerebral; sem gostosas lipadas e/ou siliconadas, nem mulheres fruta – exceto aquela dançarina deliciosa... Também não havia apresentadores famosos (tudo é controlado por um computador conhecido apenas como VAL), nem números para que os expectadores encarecessem suas faturas telefônicas na intenção de expulsar alguém do jogo. Definitivamente um negócio diferente.

Na TV nada se cria...

As imagens que vi eram do programa SOLITÁRIOS, produzido pelo SBT e adaptado de um Reality Show gringo chamado Solitary – onde alguns desocupados são trancafiados numas salas com menos espaço que uma lata de sardinha e são submetidos aos mais diversos perrengues: tudo isso por um punhado de notinhas verdes. No caso da versão brasileira os confinados disputam cinquentinha em barras de ouro eu valem mais que dinheiro – já dizia um certo animador de palco nascido cinco anos antes que o Matusalém.

Big Brother never more.

A vida dos solitários está longe das mordomias de outros Reality’s como Menina Fantástica, Big Brother ou os fazendeiros do canal do Pastor. Banho é luxo (há até quem goste), comida na medida – medida exata para que os participantes continuem com fome mesmo após as refeições; e dormir é só por algumas horas mesmo – nem pelo nome os solitários são chamados, sendo reduzidos a reles números como presidiários – aliás acho que esse é o 1º programa nesse formato a explorar ao máximo os pontos positivos do jogo: os desafios são muito criativos e sempre levam os jogadores a exaustão – mental, física ou ambos; já os jogos psicológicos são mais severos – exibir um depoimento de um familiar enquanto o participante (morrendo de saudades desse familiar) tenta executar uma prova importantíssima é no mínimo cruel.

No último dia 10 começou a 2ª temporada dessa loucura televisiva que me conquistou – e conquistou a muitos outros, claro. É uma ótima opção para todos os que não agüentavam mais nem escutar falar em Reality Show, de tão saturado que está esse rótulo aqui na TV aberta brasileira. Se ainda não viu, dê uma passadinha todas as quantas no canal do Silvio às 23:00hs; se já viu, deve estar viciado como eu...

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

GRE-nal em Rivera. Dale Grêmio!

O jogo foi em outro país, os rostos em campo eram diferentes, mas o resultado foi o de sempre.

Por Willian Rof

Ainda no final de 2010, me recordo que alguém no meu Twitter ter me dito que o 1º GRE-nal de 2011 seria no Uruguai. Na época nem dei muita importância mas aí veio o novo ano e a notícia se confirmou: o Grêmio enfrentaria os Carniceiros na cidade de Rivera no país vizinho. O tricolor escalaria um time cheio de piás (sub – 15, acho) e o Inter colocaria em campo as porcarias de sempre – não importava se seriam os titulares ou reservas, todos eles se cagam quando jogam contra o imortal mesmo... Desta vez não foi diferente: os guris do Olímpico venceram bem no estilo gremista e puseram os muleques chorões vermelhos para voltar para POA com a cabeça inchada.

1º tempo – 45 minutos de agonia

Com o Grêmio disputando a Pré-Libertadores, se tronou comum ver aquele monte de guris espinhentos vestindo nosso manto sagrado. São os moleque da base e neles já podemos ver as principais características de um bom gremista: cara amarrada, espírito competidor e disposição para lutar até o fim.

Mas a estes garotos ainda falta a experiência e o aprimoramento da técnica; portanto o 1º tempo (como de costume) foi mais de transpiração que inspiração: passes errados, chutes errados (alguns em direção aos refletores até) e nada mais que isso. Ainda assim o Grêmio foi superior o tempo inteiro, criando as melhores oportunidades – ou seriam as menos ruins... fica a dúvida. Mas o que importa é que os cagalhões vermelhos (numa daquelas pegadinhas do futebol) abriram o placar, causaram um apagão momentâneo na gurizada azul e até esboçaram alguma pressão.

2º tempo – Grêmio + Renato + 4-4-2 = 2x1.

Para o 2º round o Grêmio mudou... tudo! Vilson que estava com uma merda de uma virose do caralho e nem devis ter entrado em campo, foi o 1º a ser kickado. Magrão entrou em seu lugar e Mário fujão voltou pra zaga. Aí o famoso 4-4-2 em losango do Portallupi estava de volta.

As alterações deram resultado – literalmente. O Grêmio voltou mais forte, pressionando os vermelhos – que mais pareciam gazelas acuadas. Era a hora dos tricolores.

Bruno Golaço fez um Collaço, digo, Bruno Collaço fez um golaço de falta, iniciou os trabalhos e salvou o resto de minhas unhas. A partir daí foi só pressão. Os chutes do Adilson, Magrão e Mithyuê rondavam a meta de Muriel – goleiro colorado. A propósito, Muriel não é nome de guria? Estranho isso...

Coincidências a parte, Lins (recém contratado) aproveitou a bobeira de um volante adversário, pipocou a rede do cara com nome de menina e nos deu uma vitória com uma cara diferente – ou melhor, com umas caras diferentes; porque não há nada de diferente em bater o Inter. Isso é a regra e não a exceção.

sábado, 15 de janeiro de 2011

A teoria do Cocô | sebo

A teoria pode ser do Cocô, mas o livro não fala de merda.

Realmente é impresionante o que se pode encontrar na net. Vocês devem se recordar de uma postagem da semana passada onde publiquei um e-mail interessante com uma lista bem inusitada: uma lista com "obras" de arte; concebidas por artistas bem peculiares. Os artesãos de W.C. - afinal acho que todos nós temos um pouco de arte no sangue mesmo.

Mas a maior das surpresas ainda estava por vir: numa conversa cotidiana normal, um de meus leitores (Celso Aquino) me perguntou se eu a tinha lido A teoria do Cocô - e-book escrito pelo publicitário baiano Ito Siqueira. Mas como assim? Se eu já tinha ficado surpreso com a lista dos cagões, como poderia conhecer um verdadeiro estudo sobre os toletes? Mas isso era por pouco tempo; uma breve busca no Google e meia hora depois eu já estava lendo o tal e-book que falava sobre a tal teoria...

Se um livro fala sobre merda, isso o torna um livro de merda?

Pra início de conversa, o livro não fala sobre merda rapá, aliás o próprio subtítulo já nos dá uma dica: Conceitos de Marketing que não são discutidos nas universidades. Mas uma coisa é certa, o grande gatilho para que os desocupados de plantão corram para adquirir a bagaça, é o seu estratégico título: me diga se algo mais nesse mundo poderia chamar mais a atenção?

E olha que nem foi preciso mais que 10 páginas para o autor destrinchar suas impressões sobre a Teoria nojenta que inventou: a Teoria do Cocô (é cocô mesmo, e não côco como você pode estar se perguntando) basicamente baseia-se no fato de que qualquer coisa pode ser vendida (até mesmo cocô) se você usar bons garotos propaganda e meia dúzia de anúncios no intervalo da novela das 8 - da Globo, é claro. Pra você que se interessou muito pelo assunto, o autor faz um passo a passou sobre o que fazer para ganhar dinheiro com aquelas "peças artísticas" que você despeja no vaso sanitário e posteriormente descarta esgoto abaixo todos os dias.

Antes de mais nada é importante que se diga não se trata de um livro de merda, nem traz em seu conteúdo um estudo aprofundado sobre o tema - na verdade o autor usa pouco menos que 10% do livro para escrever sobre a tal teoria.

Mas afinal, sobre o que esse negócio fala?

O livro traz diversos toques da área de Marketing que podem ser úteis a vida de quaquer pessoa. Também responde algumas questões que aperreiam os nossos dias como: "O Marketing cria necessidades?" ou "O cliente sempre tem razão?"

A última parte do livro conta uns casos que servem pra ilustrar (pros menos favorecidos mentalmente entenderem melhor, acho) alguns temas abordados. Tudo bem basicão - feito pra quem curte o tema mas não tem saco pra ler aqueles livros cheios de palavras que ninguém (que nã é do ramo) entende.

O autor fala sobre o Marketing que se aprende nas ruas - na maior parte das vezes essas lições vem de pessoas que só conhecem essa ciência de nome. Quanto a Teoria do Cocô, nem perco meu tempo pra falar dela - aliás nem o autor teve paciência pra isso.

Tron Evolution | crítica

Tron Evolution até serve como distração - por alguns minutos. E só.


Estava pensando: bem que eu poderia declarar a última semana como "a semana pessoal da rebeldia". poucas vezes em minha vida eu absorvi tantas experiências novas num prazo tão curto. A loucura começou com um DVD de Os Mercenários (The Expendables, 2010), que não é exatamente o tipo de filme que eu corro pra locadora pra assistir; passou por uma angustiante (pra não falar sofrível) overdose de Resident Evil (assisti os 4 filmes numa única tarde) e seguiu com uma troca de jogo: sai Call of Duty - Black Ops e entra Tron Evolution - sinceramente acho que enjoei de meter bala a torto e a direito, e já que era pra mudar radicalmente eu passei dos canos cospidores de chumbo para os disquinhos de neom. Mas não me dei bem.

Agora quem se deu bem mesmo foram os fãs da saga (já quase esquecida) de Tron que depois de um tempão sem escutarem nem um zumbizado que seja, de repente foram bombardeados com uma verdadeira overdose do clássico das antigas: 1º foi Tron - o legado, sequencia direta do filme de 1982 e logo em seguida veio Tron Evolution - jogo que tras mais conteúdo sobre essa galera vestida com lâmpadas fluorescentes. Até aí nenhuma novidade... o que foi uma enorme surpresa mesmo foi ter descoberto que Tron Evolution não seria apenas uma adaptação do filme e sim um jogo com uma história própria.

Mais do mesmo.

Em Tron Evolution o jogador encarna Anom, um programa criado para bisbilhotar as trairagens e fanfarronices existentes no mundo virtual. Estas conspirações rolam na GRID - um mundo digital criado pela mente desocupada de um programador chamado Kevin Flynn.

Levando em consideração que vocês leitores devem ter tido uma infância regada a várias edições de Sessão da Tarde (onde o 1º Tron foi exibido mais que Fúria de Titãs), não acho necessário explicar maiores detalhes sobre a história original; mas se por acaso você não gozou de uma infância normal por algum motivo qualquer (tipo, foi raptado quando tinha uns 3 anos por uma gangue Ninja da década de 80, que o manteve em cativeiro até a adolescência), sugiro que faça uma busca no Google - ou pergunte a esse cara aí do seu lado.

A história do jogo se passa antes dos acontecimentos de Tron - o legado - e até ajuda e explicar uns detalhezinhos. No processo, Quorra (aquela gostosa do filme) ajuda-nos nas partes mais cascudas - como escapar das armadilhas da GRID ou dar um sacode em Abraxas, um vírus espírito de porco que está fazendo mais baderna na GRID que Smith em Matrix.

Foi bom enquanto durou...

Tron Evolution é um jogo que podemos tranquilamente classificar como meia boca: tem um visual bacana, efeitos sonoros (e trilha) na média e uma jogabilidade que não exige grandes esforços por parte do viciado que estiver com o joystick nas mãos - basicamente qualquer botão que se aperte fará o seu personagem meter a mão (ou o disco) em alguém. É o típico jogo feito para fãs,com umas pegadas de jogos modinha (como Prince of Persia) para conseguir também algumas cabeças (não fãs) para o lado azul fluorescente da força. E é só; não espere nada mais que isso.

Encare essa bagaça como uma garota do tipo "bonitinha mas ordinária", descolada (e sem conteúdo) que você encontra numa noite de cachaçada: ela pode até te distrair durante alguns minutos (ou horas, dependendo do quão "ordinária" seja), mas quando aquele efeito "novidade" passa e o dia amanhece,a sua única vontade é de chutá-la - metaforicamente, claro. Já o jogo você pode meter a sapatada se quiser - sem metáforas.



sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Resident Evil | overdose

7 horas de flagelo e 4 filmes depois, quase que tenho uma overdose mesmo.


Sessão de overdose não é negócio fácil, é necessário uma boa dose de disposição, ociosidade e paciência, claro. Com isso, confesso eu (olha eu falando bonito, rapá...) que já vinha planejando uma sessão com as 4 adaptações de Resident Evil para o cinema, mas sempre me faltava um dos tais ingredientes mencionados acima – e olha que não me refiro a ociosidade e muito menos a disposição... mas vamos ao que interessa:

Round 1: Resident Evil – o hóspede maldito.

A 1ª adaptação para as telonas do JOGÃO Resident Evil é decepcionante – apesar do roteiro super simples: um vírus que transforma defuntos em zumbis é liberado num laboratório e uma equipe armada é enviada para investigar o acidente. E só.

Agora me diga: qual a dificuldade em contar uma história dessa? Não sabe? Então você tem que assistir esse filme... cara, o roteiro é clichê, capenga e com mais furos que uma tábua de pirulito. A partir disso, o que mais poderia ir bem? Da direção ao figurino é uma derrapada atrás da outra. Milla Jovovich (de Contatos de 4º grau)(ou “MúmiaJovovich, para os íntimos) mais uma vez se mostrou altamente competente em omitir suas expressões. Eu o desafio a descobrir quando Jovovich está ansiosa, excitada, confusa, sarcástica ou no meio de múltiplos orgasmos. IMPOSSÍVEL!

Round 2: Resident Evil 2 – Apocalypse

Após os 90 min iniciais só mesmo um copo d’água e uma mijada de um minuto e meio para encarar a 2ª parte da tragédia – que começa exatamente no ponto onde o 1º terminou: com um monte de morto – vivo se arrastando pra lá e pra cá e uns poucos infelizes tentando sobreviver no meio da bagaceira.

Minha bunda começava a formigar quando apareceu “múmia” e mais um monte de “protagonistas” (sem explicação, como sempre) para mostrar que a 2ª etapa da tortura guardava coisas ainda piores que seu predecessor; agora além dos defeitos já vistos no 1º ainda tinha na mistura as cenas de ação confusas como um ninho de cobras. A direção do estreante Alexander Witt ajudou a melhorar um pouco, mas nada que seja digno de aplauso.

Round 3: Resident Evil 3 – A extinção

Mais de 3 horas depois de ter iniciado a minha overdose de Resident Evil eu já estava terrivelmente arrependido: parece uma maldição, é incrível como os mesmos erros se repetem – as vezes até pioram. Mas Resident Evil 3 (eu ainda não tinha assistido) inicialmente parecia ser o melhor da série – e sabe o que isso quer dizer? NADA!

O 3º Round se passa 5 anos após os acontecimentos do 2º; nessa época o T vírus ultrapassou as barreiras da cidade de Racon City, invadiu o resto do mundo e tocou o terror em tudo o que encontrou pela frente. Na resistência, meia dúzia de modinhas se aliam a “múmia” pra tentar sobreviver ao vírus, aos zumbis e ao próprio filme em si – que é um horror!

Round 4: Resident Evil 4 – Recomeço

Suando no calor baiano de sábado a tarde eu me perguntava se valia a pena assistir o 4º episódio... enfiei o DVD no aparelho e rezei pra vir coisa melhor... mas Resident 4 não é melhor e nem pior que os outros – o que significa que é horrível.

Mais uma vez dei de cara com a “múmia” que mais uma vez luta contra a Umbrela em busca de vingança e procura outros sobreviventes nas horas vagas – esse é o pano de fundo pra justificar meio mundo de cenas sem sentido, mas com uma definição fantástica. Sim, o 3D faz milagres.

Mas pra ficar com cara de adaptação de Resident Evil algo tinha que sair muito errado pra irritar a todos – e eis que no final um gancho ridículo se encarrega disso...

Bem, após as quase 7 horas de flagelo eu posso dizer que essa overdose me causou traumas irreversíveis. Não quero dizer com isso que me sequelei com a idéia de um apocalipse zumbi – mas me cagaria se tivesse que enfrentar uma situação dessa ao lado da “múmia” magrela.

Enrolados | crítica

E mais um capítulo da Saga: Disney tonta no mercado!


Enrolados é o novo capítulo da saga: Disney tonta no mercado. Sim, porque até os mais desatentos já perceberam que o estúdio está mais perdido que cego em tiroteio - desde o lançamento de Mulan (idem, 1998). 1º montando nas costas da Pixar para voltar ao sucesso das antigas; depois produzindo merdas como o Galinho Chicken Little (Chicken Little, 2005) e por fim, decidindo radicalizar de vez e voltar as produções em 2D, e como se isso por si só já não fosse algo incomum para a época, ainda trouxe no papel principal uma princesa negra que passa mais da metade da animação comendo insetos, na pele de um anfíbio nojento. Acha que os caras estão apelando? Pois você ainda não viu nada, essa é a Disney do século XXI: no melhor estilo franco atirador, dispara para todos os lados na esperança de acertar algumas crianças, adolescentes, adultos, idosos, sei lá. qualquer um serve.

Se colar colou.

Enrolados conta a história de Rapunzel - pra quem não sabe. E como eu sei que que a maior parte dos marmanjos que frequenta esse espaço só conhecem a princesa de nome, eu vou quebrar mais esse galho pra vocês - já é o segundo só essa semana, ou você não se lembra de X-men, garotas em fuga?

Claro que eu como paizão (de uma menina) que sou, conheço perfeitamente cada uma das histórias dos contos de fadas com direito a detalhes sórdidos e tudo mais - diferente de vocês, meros solteirões baladeiros, viciados em redes sociais e filmes modinha.

Rapunzel é aquela menina do cabelão amarelo capaz de rejuvenescer a qualquer um - será que isso inclui personagem que brilharam na década de 80, como os de Os mercenários ou RED - aposentados e perigosos? Fica a dúvida...

Mas, voltando ao filme... Graças aos seus feitos capilares, Rapunzel despertou o interesse de salões, digo, de Gothel - uma senhora que não quer envelhecer (e que não deve conhecer o Renew da Avon). Gothel Rapta a menina e a prende numa torre de onde a cabeluda joga suas tranças para que as pessoas possam subir. Até aí tudo bem; mas faltou um detalhe: Flynn, um ladrão que é convencido (por livre e expontânea pressão) pela própria garota a levá-la para ver uns balões.

E se tudo ia perfeitamente bem, é justamente nesse ponto que a casa cai: Flynn é dublado por Luciano Huck - o detalhe é que não existe salas com cópias legendadas para o filme em nosso país. Um fiasco sem tamanho...

Logo quando o filme começa com a narração do dito cujo, a impressão que dá é que a torre é a mais nova escolhida para o quadro Lar doce Lar do Caldeirão. E esse tom de locução permanece por toda a produção, Luciano não tem a mínima vocação para dublar, isso fica evidente a cada momento que o MALA abre a boca - sinceramente eu estava na espectativa da hora em que ele iria agradecer aos patrocinadores ou gritar algo do tipo: "Maestro Billy, som na caixa", no momento em que rolam as musiquinhas do filme. Lamentável.

Acho que agora ficou mais evidente ainda o desespero total do estúdio que além de trocar o nome da produção de Rapunzel para Enrolados (nitidamente para atrair um número maior de pagantes), ainda apelou para a voz insuportável do apresentador da Globo - um dos mais populares no Twiter. Como se diz por aí: a Disney jogou o barro, se colar colou.

Ainda assim Enrolados consegue ser bom. A química entre os personagens é perfeita, as piadas fazem rir sem muito esforço e as músicas estão bem posicionadas como sempre. Mas no geral fica abaixo de A princesa e o Sapo, por exemplo - quem sabe em Enrolados 2, a Disney não lança uma Rapunzel moreninha com cabelos enrolados - com trocadilhos e tudo. E se ainda quiserem que o ladrão seja dublado por um animador de palco, que este seja o Silvio Santos - que é muito mais carismático que todos os outros. Fica a sugestão... Ma ma ooooêê.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

As mil formas de Porra | literatura de cordel

É uma porra mesmo...

Literatura de cordel (pra você que não sabe) é um tipo de poema popular das antigas, originalmente oral, e depois impressa em folhetinhos ou outra qualidade de papel, que eram postos para venda pendurados em cordas ou cordéis - daí vem o nome sacou? No Nordeste Brasileiro, o nome foi herdado, mas a tradição do barbante não vingou... Ou seja, o cordel brasileiro poderia ou não estar exposto em "cordeis". São escritos sempre de forma rimada e alguns poemas são ilustrados com xilogravuras, o mesmo estilo de gravura usado nas capas - é bacana demais. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores.

Aqui apresento a vocês (pra quem não conhece) um cordelista de responsa mesmo. O cara é bom!

Divirtam-se:

As mil formas de Porra

O vocábulo conhecido por porra
É da linguagem popular
Sinônimo de sêmem e esperma
Não quero escandalizar
Mas mostrar com toda clareza
A enorme grandeza
Dessa palavra singular!

Para inicio de conversa
Essa é uma expressão cultural
Vá pra porra sua porra
Compre a porra do jornal!
Sem a porra do abadá
Como é que eu vou pular
A porra do carnaval?

Cada estado brasileiro
Tem sua forma de xingar
Mais a porra é a preferida
Aonde você chegar!
De Sergipe ao Rio de Janeiro
Xingam porra o ano inteiro
De forma particular

A porra ta no gosto do povo
Que reside no Nordeste
Embora aqui também se use
O tal “cabra da peste”
Se o ibope pesquisar aqui
A porra vão descobrir,
Aceitam fazer o teste?

A porra que tem na Bahia
É a mais gostosa que há
Pois é lambuzada de azeite,
Caruru e vatapá;
Gilberto Gil, Gal Costa, Caetano
Não quero chocar os puritanos
Xingam porra até cansar!

A porra é mais que cultura
Já virou uma tradição
Quem nunca ouviu o “Porra meu
Do nosso querido Faustão?
Que porra é essa mano?”
Porra velho, ta mim tirano?”
Porra não é mais descaração.

Eu tive um pensamento da porra
Talvez uma pretensão
Criar uma porra – modelo
Que sirva pra exportação
Ou seja, a porra que você ta lendo,
Mas pelo que eu to vendo
Não sai nem da região!

A porra como o futebol
É uma paixão nacional
Na alegria ou na tristeza
Ela flui tão natural
Minha grande preocupação
É que essa rica expressão
Ta se tornando banal!

Passada de pai pra filho
A porra atravessou gerações
Nos primórdios da sua existência
Chocou muitas multidões
A igreja reprimiu
a porra resistiu
Diante das punições!

Nem o clero, nem o reinado
Através das regras morais
Conseguiram apagar a porra
Das expressões culturais
As porras se espalharam
Pena que não colocaram
Nos documentos oficiais.

Às vezes a porra é alvo
Da minha reflexão:
Por que essa palavra sofre
Tamanha discriminação?
Se esse liquido trás a semente

Para atuar decisivamente
No milagre da concepção!
A porra é uma coisa boa
Jamais foi um palavrão
Esse lado pejorativo
Precisa de correção!

A porra é líquido sagrado
Chega de ser encarado
Como símbolo de depravação.
Enquanto Lembram da porra
Como expressão imoral

Esquecem dos políticos da porra
No congresso nacional
Roubando, se corrompendo
Comprando votos, se vendendo
Em período eleitoral.

A porra dessa palavra
É pior do que quitanda
Aonde é que não tem uma
Por todo lugar que se anda?
Esse vocábulo, lendário
Tem até no dicionário
De Aurélio Buarque de Holanda.

A porra é muito importante
quero fazer escarcéu
Eu já explico o motivo
Não me tenham como réu.
Essa expressão tão bela
É a porra mesmo, usei ela
Como musa do cordel.

Gildásio Barreto dos Santos Natural de Amargosa – BA. Residente em Salvador. Estudante de Pedagogia, Poeta e Cordelista.
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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

V de Vingança | das antigas

Um dos maiores clássicos das HQs - sem mais...

Após um aparente hecatombe nuclear, a Inglaterra mergulha no caos. Depois de algum tempo, a ordem volta a se estabelecer, mas de forma ditatorial. Um governo fascista caça os direitos civis, impõe a censura e rechaça qualquer tentativa de oposição ao que impõe.


Eis que mesmo nesse regime totalitário/fascista uma voz se levanta e ousa proclamar a possibilidade de uma outra forma de vida, na qual não haja regras e leis arbitrárias, em que a liberdade e as individualidades sejam valorizadas e conduzam a um novo cenário, um personagem designado simplesmente "V" é o porta-voz dessa idéia. Vitima de um dos abomináveis campos de concentração, "V" esteve no fundo do poço, e sem ter mais para onde cair, a única opção era se erguer. Aos poucos, se faz claro que "V", mais que uma pessoa, representa um conceito, uma idéia.


Positivo/Negativo


Um dos maiores clássicos das HQs. Todos os amantes dos quadrinhos já sentiram aquela sensação de "tomara que o próximo número chegue logo", pois, ela é a melhor forma de descrever V de Vingança, um texto denso, bem escrito e narrado, com firme construção do final. Uma revista para se ler, respirar fundo e pensar (às vezes em voz alta): caramba, que história...

"V" defende a anarquia pura, a necessidade de destruir o atual e daí se criar um novo. Obviamente, uma sociedade reprimida por um estado totalitário responde rapidamente, se apegando ao conceito como tábua de salvação. Assim, os ideais anarquistas se multiplicam e encontra eco.

Há na série várias seqüências dignas de nota, mas uma em especial merece comentários. Uma menina de aparência amedrontada, que provavelmente nasceu e cresceu vigiada e oprimida pelo sistema, se dá conta de que o sistema de vigilância não está funcionando. Num ato de rebeldia, expressa sua opinião pichando um muro, e a mudança no seu semblante, por se permitir expressar sua opinião, é deveras estimulante.

Mais do que uma mártir, um herói ou um revolucionário, "V" representa o ideal anarquista que prima pela ausência de domínio e pelo direito individual.

Ao passear por um mundo fascista fictício, onde todos os aspectos da vida cotidiana são censurados, inclusive os culturais, como livros, músicas, teatro, cinema etc, Alan Moore ao mesmo tempo evidencia a importância da cultura para a manutenção das liberdades individuais e alfineta a ignorância dos detentores do poder. Num sistema em que o estado vigia a liberdade, a pergunta nasce espontaneamente: quem vigia os vigilantes?

Se o texto de Alan Moore é esplendido, o mesmo se pode dizer da arte de David Loyd. O artista cria uma Londres noir, nostálgica e paradoxalmente futurista. O uso de luz e sombras em doses exatas proporciona ora a percepção do pessimismo reinante (e ai se vê uma cidade triste e sombria), ora um vislumbre da esperança observada, sobretudo, na face das pessoas.

Esta é, sem dúvida, uma das melhores HQs já escritas em todos os tempos. Obviamente, as individualidades impedem que haja consenso numa lista tipo top ten, mas entre as preferidas deste escriba em todos os tempos (Watchmen, Corto Maltese, Palestina, Batman - O Cavaleiro das Trevas, O garoto que colecionava Homem-Aranha, A história de Gerhard Shnobble, Batman - Ano 1, A saga da Fênix e Asterix e Cleópatra), V de Vingança tem primazia.

Feliz de quem tem essa jóia dos quadrinhos. Se você é um deles, parabéns. És alguém de posses e bom gosto!


domingo, 9 de janeiro de 2011

X-men - Garotas em fuga | crítica

Estreia de Manara em quadrinhos de heróis fica muito abaixo da média.

Que 2010 picou a mula tão rápido quanto chegou isso você já esta careca de saber, o que talvez os senhores não tenham percebido é que no último fim de ano tivemos um lançamento especial bem diferente do que estamos acostumados a ver nas revistarias nessa época do ano – ou seja, um monte de publicação voltada para os viciados nos super isso, super aquilo ou super aquilo outro...

Ao invés disso, Super-Heroínas (não dá pra fugir do clichê “super”) gatíssimas e em trajes menores que os das fankeiras do Rio. É isso mesmo: uma nova opção para os marmanjos cansados das gostosas Photoshopadas da Playboy. Seja bem vinda então: X-men – Garotas em Fuga (X-men - Ragazze in fuga, 2010).

Versão HQ do Cine Prive.

A trama da HQ é muito simples: 5 mutantes gostosas (Garota Marvel, Psylocke, Vampira, Lince Negra e Tempestade) viajam até a Grécia para curtir uma semaninha de férias, mas quando a Garota Marvel cai numa emboscada (no meio de um amasso de canto de parede) suas amigas são obrigadas a encerrar precocemente a farra e partirem numa missão de resgate – durante a empreitada perdem seus poderes e vão parar numa ilha paradisíaca... é isso mesmo.

Como toda história direcionada a “pornôpatas” (isto é, qualquer um que aprecie roteiros em que as personagens principais não enrolem muito pra arrancar a roupa), X-men – Garotas em Fuga não foge dos clichês: enredo fraco, arte provocante e o mais impor tante de tudo: poucas páginas pra deixar aquele gostinho de quero mais.

Natural que seja assim, afinal quem no mundo compraria uma HQ desse tipo e cultivaria esperanças de encontrar uma trama inteligente? Toda a historinha é puro blá blá blá; serve apenas como pretexto para o desfile de caras e bocas, mamilos salientes e poses inspiradas em exames ginecológicos. Parece até ser uma versão em quadrinhos do Cine Privê.

Pegadinha do Manara!

No lápis não poderia haver alguém melhor: Milo Manara. Não conhece? Tudo bem, eu te quebro esse galho – vai ficar me devendo uma: Manara é um ilustrador italiano mundialmente conhecido por desenhar mulheres sensuais, com formas realistas – a HQ trás também uma entrevista com Milo pra você que se interessou...
E aí, o que mais poderíamos querer? Uma história picante desenhada por um especialista no assunto; pense aí. Perfeita né? Né não rapá... o motivo? Bem, o m otivo é a tal entrevista a qual me referi acima.

Logo na 8ª página (das 68) aparece a entrevista feita por Luca Sca
tasta com o artista Milo Manara e é logo na 1ª pergunta que a casa cai. Sente só o drama:

Luca Scatasta: “você já leu alguma história dos X-men antes de receber o roteiro deste álbum ou nunca se interessou muito por super heróis?”
Milo Manara: “receio que ser honesto demais na resposta pode me botar em encrenca... a verdade é que meu conhecimento era bem superficial.”

Precisa dizer mais alguma coisa? O cara malmente sabia o que era um X-men... resultado: o roteirista Chris Claremont teve a difícil missão de inventar um texto com pouca ação (Manara é péssimo em cenas de ação), transformar as personagens em seres normais (já ficou clara a dificuldade do cara com super heróis) e inventar situações apelativas – as X-Girls pegando geral na balada foi no mínimo inusitado.

Não posso dizer que joguei meus trocados no lixo pois sempre dou um certo valor a quem está inovando, buscando a originalidade (mesmo que seja só um pouquinho) e cá entre nós, gostando ou não do enredo temos que admitir que não são todos os dias que vemos mutantes semi-nuas em histórias picantes. Vale a pena comprar – mesmo sendo medíocre, apela
tiva e CARÍSSIMA.