sábado, 23 de abril de 2011

Mortal Kombat 9 | crítica

18 anos de Mortal Kombat e um presente para os fãs.


Cara, eu me lembro como se fosse um dia desses, meia dúzia de pirralhos birrentos correndo pelas ruas como um monte de lunáticos, para jogar algumas fichas de Street Fighter 2 apostando umas figurinhas adesivas de algum álbum chulé, ou mesmo o lanche escolar do dia seguinte – acho que essas eram as únicas coisas quem tínhamos para negociar; grana é um negócio raro nessa idade rapá...

Eu tinha (sei lá) uns nove anos de idade mas ainda me recordo – porém, a minha maior recordação desta época não é dos Arcades ou dos Hadoukens do Ryu e sim de um jogo que apareceu naquele ano e era o motivo das filas intermináveis nas locadoras de games do bairro; um jogo de porrada mais sanguinário que os filmes do Jason, com personagens carniceiros vestidos em fantasias sadomasoquistas e que executavam seus oponentes ao final de cada combate ao som de uma gargalhada macabra – daquelas de gelar a alma. Street Fighter tinha se tornado coisa das antigas; a nova onda era Mortal Kombat.

Chose Your Destiny.

De lá pra cá foram dezoito anos e oito seqüências – umas até boas, mas a maioria uma merda, no pior sentido da palavra. A impressão que dava era que a cada ano o game ficava mais parecido com aquelas dezenas/centenas/milhares de jogos sem sal que entopem as prateleiras das lojas – em 2008 lançaram o crossover Mortal Kombat VS DC Universe e aí minha ficha caiu: Sub Zero, Scorpion e o resto da galera de MK hoje faziam parte de mais uma franquia modinha de jogos para aborrecentes sem cérebro. Porém em 2010 uma declaração de um dos picões da série me deu novas esperanças: pelo Twitter, Ed Boon disse que o que mais os fãs queriam era poder jogar um Mortal Kombat escroto e sanguinário (mais ou menos como aquele que criava filas antigamente) e que o novo jogo as série seria exatamente assim – parecia que (enfim) os combates mortais estavam de volta.

Mortal kombat 9 (idem, 2011) conta uma história que se passa depois da bagaceira que ocorreu em MK – Armageddon, onde todos os encrenqueiros de todos os reinos foram para a terra de pés juntos; Lord Raiden também faz parte deste bolo, mas antes de bater as botas envia uma mensagem (mesmo estando todo fodido de tanto lutar, coisa de cabra macho) para si mesmo no passado para tentar evitar a guerra que o Shao Khan começará. Este “torpedo metafísico” chega ao Lord dos raios (não confundir com o tio do Percy Jackson – alias por falar nisso leia a crítica aqui) mais ou menos na época em que róla o primeiro jogo, onde o tinhoso chefão da série começa a conquistar reinos a torto e a direito. Não precisa ser um gênio para notar que a solução que Ed Boon e sua rapaziada decidiram dar um resset na história - tudo (claro), só serve como pretexto para a pancadaria toda.

Finish Him!!

MK se baseou num estilo de jogo que está fazendo o maior sucesso nos games de pancadaria da atualidade como Marvel vs Capcom 3 (leia a crítica aqui) conhecido como 2,5D – pra quem não sabe, é aquele formato em que o primeiro plano (onde a porrada come) é em 2D e as telas de fundo (cenário) é todo em 3D, dando um visual do caralho as arenas do game.

Agora, quem curtia a brutalidade de MK – Ultimate, vai pirar com os combos viscerais e as barras de poder que aumentam ainda mais a capacidade dos estragos – o top delas é uma tal de X-Ray, que carrega um especial que focaliza a área espancada mostrando a quebradeira também por dentro (como um raio X); é um negócio excitante, acredite. Claro que não posso esquecer de mencionar os famosos Fatalities, que agora são tão carniceiros quanto os combos – comparado a eles, as mortes de Jogos Mortais parecem gincanas da Xuxa.

Por fim, seria fácil dizer que Mortal Kombat 9 é fodástico que agradará qualquer machão, mas este não é apenas um jogo de luta em que se pode enchulapar ninjas mortos-vivos, monstros mascarados, mutantes sanguinários, robôs anabolizados e gostosas peitudas; é um presentaço para quem esperou tanto tempo pr algo que envolvesse socos, tiros, chutes, facadas, rasteiras e sangue MUITO SANGUE – daquela forma que só a turma de MK sabe misturar. Flawless Victory!!

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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Kamelot - Poetry for the poisoned | crítica

O Kamelot e a teoria do “Piloto Automático”.

Existe uma espécie de fenômeno no Rock mundial chamado (por mim) de “Piloto Automático” que serve bem para descrever o que acontece com as bandas que fazem aquele som Show de Bola. Pra quem nunca conversou comigo (e portanto não conhece a expressão), eu explico: sabe quando os aviões estão lá na casa do caralho (isso quer dizer que eles estão voando alto pra cacet... acho que você já entendeu) e o piloto aciona aquele botãozinho “mágico” que controla a geringonça, deixando o capitão da nave livre para fazer outras coisas – como azarar aquelas aeromoças boazudas, por exemplo. Mas isso é uma outra história...

Se você não esta entendendo o que diabos isso tem a ver com esta crítica, ok, eu explico – novamente aliás. É que algumas bandas (parece) que conseguiram achar uma forma de apertar uma espécie de botão particular (não é esse botão particular que você está pensando) e desde então o nível dos seus trabalhos nunca mais caiu.

Pra você que tem a memória fodida e não consegue se lembrar nem do que (ou de quem) comeu ontem a noite, relaxa, eu posso citar alguns exemplos para ajudá-lo a se recordar: o Los Hermanos por exemplo, parece que já nasceu com o tal botão pressionado; desde o primeiro álbum o nível não caiu – pelo contrário. Shadow Gallery, Épica, Stratovariu’s e Angra são outras boas amostras do tal fenômeno, mas atualmente nenhuma delas se compara ao Kamelot. Mas nem sempre foi assim...

O Kamelot sempre foi uma banda instável, podendo num mesmo álbum criar obras primas e verdadeiros abacaxis com a mesma naturalidade – para não dizer cara de pau. Mas isso mudou após o lançamento de “The Black Halo” (idem, 2005), sétimo trabalho dos caras – considerado por mais de não sei quantos malucos, como o melhor até hoje. Este foi o álbum responsável pelo “start” da banda gringa, e aí vocês já sabem o que acontece depois disso...

O Kamelot é foda e vice versa.

Poetry For The Poisoned” (idem, 2010) é o nono disco da banda estadunidense e já nasceu cercado de firulas e expectativas - que respondeu a altura metendo o melhor do Heavy Metal, com arranjos mais pesados que o Jô Soares distribuídos em dezessete (ou quatorze se você escutar o simples) faixas mais viciantes que o Pac Man. Ou será que você consegue escutar “The Great Pandemonium” (música de abertura) uma vez só?

Se sua resposta for “não” então prepare-se para apertar o repeat no seu player, pois todas as outras faixas são igualmente boas. “If Tomorrow Came” é escrota, com um refrão mais pegajoso que namorada insegura – ela fará você a cantarolar pelas ruas como um abestalhado muitas e muitas vezes. Depois não diga que não avisei. Khan (que saiu da banda pouco depois desse lançamento) continua uma das melhores vozes do Rock, dando a cada musica um lance teatral saca – “Zodiac” (em seguida) é uma das melhores do álbum e uma das mais cênicas também.

Claro que não poderia faltar uma baladinha com cara de tema romântico de casal da Novela das Oito: “House On A Hill” foi o primeiro single e teve a nítida missão de arrastar o som às mais classes “menos favorecidas” (fãs de musica pop romântica internacional, por exemplo). Para não fugir do clichê Kamelotiano, Simone Simmons (do Epica) está lá mais uma vez; claro que a música serve como introdução para uma mais cascuda, e isso a galera vê (escuta) quando começa “Necropolis” (fodástica!!) com suas passagens orquestradas – e mais teatro, que nos leva até a... a... a.... (acabaram os adjetivos cara...) “My Train Of Thougts”. O álbum segue com “Seal Of Women Years” e as quatro hipnóticas partes da faixa que dá o título do disco: “Poetry For The Poisoned”.

O novo álbum do Kamelot pode até parecer bom nesse texto (espero que não tenha exagerado na rasgação de seda), mas se torna totalmente foda quando está tocando – e mais puxação de saco. Não consigo parar de escutar faz quase um mês – e sem previsão para parar. Normalmente não sou de ficar babando ovo de porra de ninguém, mas convenhamos que é bom pra caralho admitir que foi hipnotizado por alguma coisa. E se essa “alguma coisa” for tão bom quanto “Poetry For The Poisoned” fica fácil admitir.

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domingo, 10 de abril de 2011

Eu sou o número 4 | crítica

Adaptação mostra que romances teen podem se tornar bons filmes.

Confesso que uma das maiores decepções de minha vida foi ver a adaptação de Percy Jackson para as telonas, por este ter fodido praticamente toda a história que o Rick Rordan conta nos seus trocentos livros. Com isso na cabeça, fui assistir “Eu Sou o Número Quatro” (leia a crítica do livro aqui) esperando algo no mesmo nível de tosqueira - ou talvez pior, já que tinha no comando um diretor ainda mais fulero que o de Percy... Mas adivinha só, mais uma vez tenho que dar o braço a torcer e admitir que gostei.

Ele é o número quatro.

No filme, nove pirralhos cheios de poderes e os seus "babás" são os únicos que conseguiram escapar de uma matança em Lorien (seu planeta natal) e decidem vir para a Terra. Mas, os Mogadorians - os espíritos de porco responsáveis pela destruição do planeta dos lorienos, querem mais: decidiram perseguir quem viveu pra contar a história até que eles não tenham mais como contar nada, se é que você me entende. Então, para melhor proteção, os nove pimpolhos são enfeitiçados com algum tipo de magia matemática que faz com que os carinhas só possam ser mortos na sequência correta. coisa chique isso hein? Após a morte dos três primeiros adivinha só quem será o próximo a se lascar? Acertou quem falou o nome de John Smith... ele é o número quatro.

A saga Crepúsculo e a maldição do século XXI.

Eu até tentei, mas falar de "Eu sou o número quatro" (I am number four, 2011) sem lembrar de Crepúsculo é foda, não tem como. O romance do filme é muito parecido com aquele outro do vampiro com o cabelo besuntado. A diferença é que, enquanto o filme de Catherine Hardwicke é contado pela perspectiva da donzela, o filme de D.J. Caruso é narrado pelo ponto de vista do mocinho - a melhor parte disso é que as tomadas de ação são bem mais frequentes que as açucaradas cenas de romance e os diálogos melosos (que também são raros mas existem).

Outra diferença é que, nesse filme, o herói não é um vampirão musculoso (com cara de menininha), mas sim um alienígena musculoso (sem cara de menininha). Aliás, todo o elenco principal foi nitidamente escolhido por sua beleza e curvas salientes, não acrescentam nada demais ao filme. O protagonista é capaz de arrancar suspiros (até algumas secreções, eu acho) e assobios das garotas, assim como as atrizes Dianna Agron e Teresa Palmer podem enlouquecer muito mais a platéia masculina. Mas olha que interessante, eu acabei de me lembrar que o que importa num filme são as capacidades do elenco em encarnarem seus personagens - como eu já disse, essa não é a maior virtude deles; aqui, só existem atores que cumprem seus papéis, nada mais que isso.

Pelo final do filme (não vou escrever nada demais, calma), parece que teremos uma continuação. Não tenho muita esperança, mas acho que, se o diretor do próximo filme (seja D.J. Caruso ou não) deixar o romance um pouco mais de lado e trabalhar melhor nos conflitos da história do filme, que neste não foi tã bem desenvido, com certeza teremos um resultado muito melhor.

Enfim, apesar de alguns clichês e de alguns erros (básicos) de filmagem, o saldo final acaba sendo positivo. Recomendo o filme para quem estiver à procura de diversão, ou algo para descontrair, principalmente o público adolescente. Resta agora esperar por uma continuação e torcer por uma evolução.

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| Percy Jackson e o ladrão de raios | Rio | VIP's |
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quinta-feira, 7 de abril de 2011

A Pirâmide Vermelha | crítica

Rick Riordan 2: Mais Molecada. Mais Mitologia.

Acho que o sonho de consumo de qualquer escritor com os neurônios no lugar é encontrar um filão: algumas linhas de história simples, que tenham um mínimo de originalidade (e caía rapidamente no gosto de qualquer um - independentemente da idade, da conta bancária ou do lado que dorme na cama), vire um sucesso estrondoso e encha o rabo do autor de notinhas verdes.

Com Percy Jackson e os Olimpianos, Rick Riordan encontrou essa tal mina de ouro - O Ladrão de Raios vendeu uma caralhada de cópias em tudo que é buraco por aí afora, rendeu trocentas continuações (foi Percy Jackson e isso, Percy Jacson e aquilo - só faltou lançar Percy Jackson VS Capitão Nascimento) e sugou até a última gotinha de roteiros com molecada espinhenta que desafia Deuses Gregos, monstros medonhos (tipo cabeça de bicho, corpo de gente e rabo de qualquer outra coisa) e organizações mais velhas que o Silvio Santos. Para Riordan só restava uma saída: criar uma nova saga para mudar o foco do semideus e seus amigos - mas não muito...

Quem foi que disse que no Egito só exite Múmia?

O novo trabalho do autor de Percy Jackson é "A Pirâmide Vermelha (Red Piramid, 2011)", romance juvenil cheio de correria, sopapos, raios, explosões e Deuses escrotos: Já leu Percy Jackson? Qualquer semelhança entre as séries não é mera coincidência - eu disse que o cara não mudaria muito...

A Pirâmide Vermelha conta a história dos irmãos Carter e Sadie Kane; dois pirralhos (o autor adora colocar aborrecentes nos papéis principais) separados pela morte da mãe - uma morte mais misteriosa que conselho de Mestre dos Magos. Com isso, o garoto ficou com o pai - o engomado egiptólogo (eu nem sabia que cavucar pirâmides, decorar meia dúzia de hieróglifos e saber umas coisas sobre Múmias e Faraós rendia algum dim dim) Dr. Julius; enquanto isso, sua irmã mais nova consome o resto dos dias de vida dos avós maternos na Inglaterra - mais precisamente em Londres.

Tudo ia muito bem no puteiro de Gal (isso é metáfora, não existe nenhum bordel no livro ok?) até que durante uma visitinha inocente a um museu em Londres o pai dos moleques decide encarnar o Harry Potter, recita uma meia dúzia de catimbós errados, faz brilhar uns dois ou três desenhos no ar e libera um punhado de Deuses mau humorados de dentro de uma pedra - e ainda tem gente que diz que o Programa do Ratinho é que viaja na maionese...

Em time que está ganhando não se mexe - se adapta.

Não dá pra negar em momento nenhum que o autor repete muita coisa que já cansamos de ver em Percy Jackson (basta ler o livro e você verá muitas semelhanças entre os dois) mas a verdade é que A Pirâmide Vermelha tem sim uma alma própria, uma história que se sustenta - isso quer dizer que não fica simplesmente se escorando no sucesso do filho de Poseidon; busca beber em outras fontes quando expõe a Mitologia Egípcia - bem menos conhecida e muito mais interessante, aliás, com Deuses muito mais cascudos e escrotos que a grega; e principalmente por tentar fazer uma ponte entre as duas histórias, parece que Riordan pensa sim em um dia misturar essa porra toda e fazer um bolo só - imagine uma guerra entre mitologias... Ponto pra ele.

Com um ritmo de filme no estilo do Michael Bay mostrando claramente a intenção do autor de adaptar o livro para as telonas e encher mais ainda o seu furico com dólares, uma história bem bacana - mais interessante inclusive que a do seu predecessor (falei bonito agora, fazia um tempo que não usava essa palavra); e uma excelente recepção dos leitores em todo o mundo, uma coisa é certa: Riordan está de volta com seus garotos hiper ativos/matadores de Deuses e suas aulas de Mitologia.

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quarta-feira, 6 de abril de 2011

Rio | crítica

Rio: um cartão-postal animado do Saldanha.

Rio (idem, 2011) é o mais novo trabalho do brasileiro Carlos Saldanha - aquele mesmo que dirigiu a trilogia A Era do Gelo (Ice Age, 2002) e o desenho fraquíssimo Robôs (Robots, 2005). O que me faz lembrar de algo interesante: durante uma caralhada de tempo fomos bombardeados com filmes gringos com uma visão uma visão esculhambada do Brasil - não que aqui não exista essa esculhambação toda, mas só nos podemos criticar isso, e que isso fique bem claro.

Em Rio o que nós vemos é um lance diferente, onde mesmo em uma produção grande - feita para agradar a gregos e troianos, o cara que dá a última palavra é um brasileiro, é dele que vem todas as sacadas positivas (ou não) de todos os detalhes da cidade. É claro que Saldanha teve que engolir muitos sapos - o filme é muito preocupado em mimar americanos e europeus, no melhor estilo “Brasil que estrangeiro quer ver”.

Araras Azuis, sequestros de animais e Samba: Dale Rio!!

O filme conta a saga de Blu (dublado por Jesse Eisenberg) uma arara azul (macho) brasileira, que foi capturada e transportada ainda quando pequena para um lugar mais frio que o pé do Zeca Pimenteira, identificado apenas como “não é o Rio”. Lá ele é criado por Linda (dublada por Leslie Mann), uma nerd gringa super protetora, e que nunca escutou falar no rebolation - isso quer dizer, nenhum talento para sambar. Tudo muda quando Tulio, um outro nerd (dublado pelo sumido Rodrigo Santoro) convence a menina a levar sua Arara de estimação (o último de sua espécie) para a terra do samba e do futebol, digo, do voleibol (nesse sim nós somos reis) com o objetivo de procriar e salvar sua raça.

Faltou espaço para tanta gente - ou melhor, para tantos bichos.

O que mais chama a atenção em Rio são os seus trocentos personagens - a maioria deles muito carismáticos e coloridos, como um ensaio carnavalesco; é um show vê-los contracenando, com todos aqueles gestos e diálogos - ao contrário por exemplo de A Era do Gelo que tinha que se escorar em um ou dois personagens (chegou um momento que eu não aguentava mais as piadinhas de Sid, já o esquilo psicopata roubava a cena a toda hora) para poder aguentar as continuações. Rio pode pensar tranquilamente em boas sequencias pois não sofre messe mal.

Mas ainda que eles sejam fofos e engraçadinhos, não existe tempo suficiente no filme para desenvolvê-los - você aí pode dizer "ah, lá vem ele querendo encontrar chifre em cabeça de cavalo, procurando defeito onde não tem"; tudo bem gente, crianças podem até não se importar com o tal "desenvolvimento de personagens", mas as animações de hoje não são feitas apenas para moleques - acho até que os adultos ficam babando mais para ver que os próprios pimpolhos.

Uma história um pouco mais pensada (como os da Pixar) que equilibrasse os detalhes de cada personagem com as piadinhas (e situações divertidas, que são indispensáveis) e filtrasse o desespero em convencer a platéia a cada minuto é mais ou menos o que os pais da pirralhada smpre esperam de uma boa produção. Um outro ponto interessante é ver a Blue Sky entrando de vez na briga pelo mercado ao lado das picudas Disney/Pixar e Dreamworks, que a muito tempo monopolizam o meio - Rio pode ser comparado ao que há de melhor tanto em tecnologia como em investimento - não fica devendo nada a niinguém.

Rio é um filme que mantém os espectadores presos na cadeira até o seu final - e isso também é uma grande virtude. É uma pena que tenham dado mais importância ao turismo que a história, se fosse o contrário seria uma animação inesquecível; mas de qualquer forma será lembrado como um dos melhores cartões postais da Cidade Maravilhosa, que mesmo com favelas, traficantes, saguis ladrões, marmanjos trapaceiros e trombadinhas, continua lindo.

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terça-feira, 5 de abril de 2011

Watchmen | overdose

As adaptações de Watchmen e o declínio do império Mooreano.

Acho que qualquer fã de quadrinhos ao menos uma vez na vida já se perguntou o que realmente aconteceria se um bando de desocupados decidisse vestir fantasias coladas e sair por aí fazendo justiça com as próprias mãos. Quais seriam as merdas que isso causaria ao nosso dia dia?

Um dia Allan Moore também perdeu alguns minutos de ócio para pensar sobre o assunto e o resultado disso foi a mais premiada história em quadrinhos, considerada por muitos (inclusive eu) como a melhor de todos os tempos.

Watchmen

Watchmen foi lançada em 1985 e contava uma versão hard core da história onde os estadunidenses desceram a chibata no Vietnã, na guerra entre os dois países e ainda tinha o Nixon como presidente. Foi nesse bolo que os justiceiros mascarados conviveram na sociedade americana e tiveram os seus quinze minutos de fama. Mas na época atual o babado é diferente: a América vive com o cú na mão, na expectativa de um ataque nuclear da União soviética e os marmanjos mascarados são caçados pelo governo após a aprovação de uma lei que proíbe a ação de qualquer fantasiado. No meio dessa piração toda, Rorscharch (um super sociopata) que decide investigar o misterioso assassinato do herói aposentado conhecido como Comediante.

A 1ª vez que li Watchmen, se não me engano eu tinha uns quinze anos e já naquela época fiquei de boca aberta com o que vi, totalmente diferente de tudo da época – aliás babar ovo da HQ é chover no molhado, todo mundo sabe. Você sabe né? To nem aí se você não curte quadrinhos, se ainda não leu Watchmen está perdendo muita coisa. Mas, continuando a overdose, não foi preciso mais que três horas para devorar as doze edições da série e passar para a próxima parte.

Watchmen – o filme

Eu me considero um cara muito suspeito para falar das obras do Allan Moore e/ou do Zack Snyder; sou muito fã desses pirados por tudo o que eles representam para a Cultura Pop mundial, mas antes que todos comecem a achar que eu vou ficar aqui puxando o saco dos caras e viajando na maionese, vou pôr os pés no chão: a adaptação da HQ para as telonas é massa tudo mas fica bem longe do nível dos quadrinhos – ironicamente a insistência de Snyder em ser muito fiel ao clássico criou uns bloqueios e tal no filme. Zé, qualquer um saber que nem tudo que fica show nos quadrinhos faz algum sentido na telona – aliás o próprio Snyder adaptou tão bem essas passagens em 300... será que esqueceu como funciona o barato?

Claro que nem preciso explicar os perrengues de enquadrar doze capítulos enormes em reles 150 minutos de filme – impossível manter o nível. Mas ainda assim é um puta filmaço, com cenas delirantes de ação (com aqueles Slow que só Snyder sabe fazer), uma trilha sonora do caralho e ainda conta com a atuação inspirada de Jackie Eallie Halley como Rorscharch.

Watchmen – o completo motion comic

Quase seis horas depois do início da overdose e eu finalmente cheguei a última (e mais longa) parte. Um copo duplo de café e uma chuveirada... Pronto; lá vamos nós – ou melhor, lá vou eu...

Confesso que não foi tarefa das mais fáceis: são 330 minutos de animações toscas em Flash, narrações sem nenhuma emoção – aliás Tom Stetchschulte é o único dublador da bagaça; aja saco né? Mas o lance passa do chato ao ridículo quando Tom é forçado a afinar a voz para fazer as falas de Spectral – um negócio entre o timbre de uma sapata rouca e um travesti fanho. Assim como o filme, o roteiro fodástico de Moore salva a obra mas sem dúvida é a adaptação mais mequetrefe – nem aparece o nome de Moore nos créditos. Típica obra bastarda.

Quando fiz a overdose de Resident Evil (leia a overdose aqui), fiquei puto como o enredo vai caindo com o passar das seqüências. No caso de Watchmen a história não cai, ela é sempre a mesma, o que muda é a forma como é contada. Eu me pergunto: se para um fã já é escroto ver um trabalho despencar desse jeito, como será que se sente o criador? Coitado do Moore.

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segunda-feira, 4 de abril de 2011

VIP's | crítica

Wagner Moura até tenta, mas VIP’s fica no quase.

Marcelo Nascimento da Rocha; você já escutou alguém falar deste sujeito? Sim? Não? Não importa a resposta; o que importa mesmo é que esse cara tem uma história (ou melhor, várias delas) que faria inveja até ao próprio Frank Abganale Jr – aquele vigarista estadunidense que ficou conhecido após ter sua vida esmiuçada naquele filme (Prenda-me se for capaz, Catch-me if you can, 2002) de Spielberg com direito a DiCaprio e Tom Hanks nos papéis principais e tudo mais. E ‘diga-se de passagem’ o escroque gringo teve mesmo uma vida digna de filme – assim como o nosso.

Foram 29 anos de trapaça, lero-lero e muita manha. Na época em que serviu o Exército, fingiu ser um dos picões do Serviço Militar; Já fingiu ser guitarrista do Engenheiros do Havaii – como se houvesse alguma vantagem nisso; olheiro da Seleção Brasileira; campeão de Jiu-jitsu; policial (esse foi o golpe menos lucrativo do cara) e até líder do PCC. Mas o tinhoso só apareceu de fato para o público quando executou o seu maior golpe – ou pelo menos o mais cara de pau: durante quatro dias o sacana se passou por Henrique Constantino (filho do dono da GOL) durante o Recifolia (aquela putaria que róla lá pelas bandas do Pernambuco) e se serviu de toda a miscelânea de coisas que alguém que é anunciado por esse título tem direito – com direito a entrevista no programa do Amaury Jr e tudo mais... era só questão de tempo para essa história ir parar nas telonas.

Dale Marceleza!

VIP’s (idem, 2011) conta a história desse tal Marcelo, rapaz que desde pequeno basicamente teima em não ser ele mesmo. Seu maior prazer é imitar quem quer que seja. Abestalhado e iludido com o sonho de pilotar teco-tecos e tornar-se aviador como o seu pai, o guri foge da casa da mãe e começa a esculhambar geral a vida dos outros (e a sua própria), sempre se passando por pessoas diferentes e aplicando espertices a torto e a direito: viajou de graça, se hospedou em hotéis de luxo, trepou com atrizes gostosas da Globo (e de outros canais menos conhecidos) e fez um monte de outras coisas que manés só podem sonhar em um dia fazer.

O roteiro já estava pronto. Bastava filmar.

VIP’s é baseado num livro de 2005 de Mariana Caltabiano: VIP’s – histórias reais de um mentiroso. Lá a equipe do Diretor Toniko Melo poderia facilmente encontrar todas as informações necessárias para fazer desta produção uma obra inesquecível – e olha que nem seria tão difícil, estava tudo bem descrito ali: era só copiar tudo em ritmo de documentário e tudo ficaria bem. Mas não foi bem isso que aconteceu...

Wagner Moura encarna o 171 e tem a dura missão de nos passar algo que parecia fácil a princípio – só a princípio. Esse problema reside muito no fato de VIP’s buscar uma explicação filosófica/romântica para a mente escrota de Marcelo – será que ninguém da equipe que leu o livro (será que leram?) entendeu que o cara se divertia exatamente pelo simples fato de poder sacanear A ou B? o negócio é simples mesmo, sem géri-géri ou frescurinha alguma; isso o motivava mais que qualquer outra coisa. Mas ao invés de evidenciar isso, o filme tenta criar uma “base psicológica” para o personagem se tornar mais profundo (graças a Wagner isso é possível, mesmo no meio da confusão toda) ou sei lá o que – como se o cara fosse um gênio incompreendido que passava a perna numa galera “intelectualóide” para chamar a atenção para seu alto Q.I. Típico vício do cinema nacional em copiar os dramalhões europeus – e isso fode a maioria de nossos filmes com potencial. Cara; o que é simples tem que ser tratado como simples, sem arrodeios: afinal de contas o negócio é SIMPLES porra. Como diria os sabidos: é mais difícil transformar algo simples em algo complicado que o contrário.

Não quero dizer que VIP’s seja um filme ruim, pois consegue divertir/entreter em seus pouco mais de 90 minutos com as situações bizarras que o cara se enfia; definitivamente vale a pena ser visto, até por contar com o Wagner numa excelente fase – embora na opinião do próprio Marcelo, o Selton Mello seria o ator mais indicado. Mas cá pra nós, uma andorinha só não faz verão – alem do mais é foda ver que uma história com tanto potencial se transformou num filme mediano. Tinha espaço pra muito mais pano nessa manga.

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domingo, 3 de abril de 2011

E o Oscar vai para...

Obrigado por lembrarem daqui rapaziada.

Por Willian Rof
Olha a galera me surpreendendo mais uma vez aê. Após um mês campeão nos acessos por aqui (7.794 acessos no último mês), o pessoal me presenteia com uns mimos como este: Selos – os primeiros (de muitos que virão, espero) de minha página.

O Paulo César do Blog De Tudo um Pouco, Minha Opinião; visitante assíduo da casa, gentilmente me presenteou com dois selos que recebeu e me deixou muito lisonjeado por saber que as postagens estão agradando aos leitores.

Para não deixar de ser um bom relações públicas, quero dizer que o Blog do PC (como o próprio nome já diz) é cheio de Pitacos do autor (textos curtos mas que trazem a tona exatamente o ponto de vista do cara - diga-se de passagem, belos pontos de vista) um dos melhores que já vi, sempre atualizado e com bons temas – sem rasgação de seda.

Como já é de praxe nessa brincadeira (para quem não sabe), é pedido aos escolhidos que escolha uma nova lista de Blogs que será premiada. Um forte abraço aos leitores – e ao PC por ter lembrado do meu Fantástico Mundo.

Abaixo os Selos:

Selo Blog Estiloso


Selo Esse Blog é Show!


Abaixo segue a minha lista – em ordem alfabética, para não ter briga:


OBS: As regras para quem recebe o selo são: Ser indicado por alguém que recebeu; Quem recebe deve indicar de 5 a 15 blogs; Publicar o selo e avisar aos indicados.

sábado, 2 de abril de 2011

Percy Jackson e o ladrão de raios | crítica

Correria e falta de respeito aos livros de Rick. Rauzito explica.

Raul Seixas já dizia na música Eu também vou reclamar: "Mas é que se agora é pra fazer sucesso, pra vender disco de protesto... todo mundo tem que reclamar..." E quer saber, ele estava coberto de razão - não estou falando dos protestos e tal, isso já é uma outra história; estou falando que depois de O Senhor dos Anéis e Harry Potter, o que tem dado dinheiro são as adaptações. Aí já viu... tome adaptação a torto e a direito.

O Ladrão de Raios é a primeira parte de uma aventura que se desenrola em meio mundo de livros de Rick Riordan - eu nem contei quantos são... Nas telonas Percy Jackson e O Ladrão de Raios conta com a experiência de Chris Columbus, (diretor dos dois primeiros Harry Potter nos cinemas, caso você não se lembre - me deve uma viu) e no roteiro Craig Titley ("i"responsável pelas histórias de Scooby-Doo (2002) e Doze é demais (2003) - não lembrava? me deve duas. Então eram dois capengas numa bicicleta veloz; o resultado era inevitável: acabaram com o potencial da bike - se é que me entendem. O filme é uma correria só (até demais, não dá tempo para explicar porra nenhuma), os efeitos enganam bem, mas o roteiro é uma merda e tira todo o (pouco) mérito dos pontos positivos.

Extra! Extra! Onda de insegurança no Olimpo: Agora estão roubando até raio!

Percy Jackson e o Ladrão de Raios conta a história de Percy (encarnado pelo insosso Logan Lerman) um semideus burro como uma porta e mais desinformado que leitor de jornal vagabundo. A bagaça se passa no século XXI, onde umas paradas estranhas começam a acontecer com o pirralho - filho do Deus Poseidon. As esquisitices em torno do moleque pioram quando (que rufem os tambores) o Raio Mestre de Zeus é roubado (ooohhhhhh) - e ainda dizem que o Rio é violento... O Deus dos Deuses acusa assim, o filho de seu irmão Poseidon - que logo depois descobre num campo de treinamento que se não recuperar o Raio de Zeus dentro de um prazo menor que final de semana de garçom, todos estarão condenados a se ferrar numa guerra provocada pelos Deuses marrentos. Antes que eu me esqueça, ainda tem a mãe de Jackson - que é sequestrada por Hades que exige os raios para devolve-la. Roubo, sequestro e dois caras tentando começar uma guerra, aí eu pergunto a vocês: CADÊ O CAPITÃO NASCIMENTO MINHA GENTE??

Percy Jackson e o roteiro feito nas coxas.

Antes de baixar o pau no filme é importante que se diga que Columbus melhorou um pouco desde Harry Potter - que são ainda piores que este. As dezenas de cenas de ação mesclam correria, catiripapos, cortes de peixeira e mais correria - e até funcionam bem por um tempo e tal mas não são bons o suficiente para disfarçar a falta de sentido da história.

O livro de Riordan está longe de ser show, eu sei que tem seus delizes, mas a porra desanda geral no filme com o roteiro bizarro de Craig Titley. Por exemplo: o livro explica o motivo pelo qual Jackson é imediatamente acusado de ter roubado a parada de Zeus, mas no filme a coisa não é bem assim... o coitado do Percy é incriminado do nada (se fosse favelado e a história se passase no Brasil não haveria a necessidade de explicar) e recebe a missão de devolver o raio, que nem sabe o que é, nem pra que serve - aliás nenhum espectador descobrirá isso também, porque o filme não se dá ao trabalho de explicar.

Mas o "Oscar" das tabalhoadas vai para a "morte da mãe do Percy". No filme a bendita deveria ser peça chave, já que todos os perregues de Jackson na história são para resgatá-la. Como pode então não haver nem que saiba "um minuto de silencio" para a suposta morte da mulher, não espere nenhum tipo de luto - aliás, perceba que o carinha não derrama uma única lágrima pela mãe - lembrei de minha coroa me dizendo que não se fazem mais filhos como antigamente...

De qualquer lado que se olhe, Percy Jackson e o ladrão de Raios é um filme ruim, com um roteiro com mais buracos que uma tábua de pirulito e um diretor boca aberta que exala incompetência. Pra quem já leu o livro, serve como curiosidade - sempre é bom ver os personagens de um livro ganhando vida; agora se você já se decepcionou com Fúria de Titãs (leia a crítica aqui), não aconselho esse. Aliás sempre que for assistir uma adaptação lembre-se do Rauzito...

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